Há um "interesse óbvio de integrar o SEF na PSP e de aproveitar este crime para interesses políticos"
Telmo Correia, deputado do CDS, critica a intenção de fundir a PSP e o SEF e defende que não é a propósito de um crime que se devem extinguir instituições. O centrista também considera, no Fórum TSF, que a situação evidencia a falta de consciência sobre quem está a governar.
Corpo do artigo
Telmo Correia, deputado do CDS, caracteriza as notícias sobre uma reestruturação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras como um "desastre absoluto", porque, "em primeiro lugar, por muito hediondo que este crime tenha sido, não é a pretexto de um crime que se resolve fazer a grande reformulação das polícias em Portugal".
Ouvido no Fórum TSF, o centrista lançou a questão: "Se houver um crime, e criminosos, - este é particularmente repugnante porque é um crime de sangue, mas podia ter sido um crime de corrupção - é a propósito de um crime que se extingue as instituições? É essa a solução e a resposta?"
Telmo Correia criticou "a falta de atuação do Governo" no caso da morte de Ihor Homenyuk no aeroporto de Lisboa e às mãos do SEF. "A própria Presidência da República descobriu muito tarde que isto tinha acontecido", censura o centrista, lembrando que o pedido de condolências foi feito "nove meses depois".
TSF\audio\2020\12\noticias\14\telmo_correia_1
"Eu próprio, em nome do CDS... Perguntámos se era verdade e se era possível que nem sequer em relação à viúva e aos familiares do cidadão que foi morto. Não lhes perguntaram sequer de que auxílios precisavam? Não se ofereceram para fazer e pagar a transladação do corpo para a Ucrânia...." A par de um "desleixo total" que Telmo Correia aponta na atuação dos órgãos do Estado após a morte do cidadão ucraniano, é também lançada uma crítica pelo centrista, que denota um "interesse óbvio de integrar o SEF na PSP, de fazer uma reestruturação e de aproveitar este crime para dar cobertura a interesses políticos que nós sabemos que são antigos".
O deputado considera esses interesses "discutíveis", já que se corre "o risco, não só de perder toda a especialização que o SEF tem na proteção da nossa fronteira", como de que os "comportamentos" não desapareçam com a integração das duas forças e serviços de segurança - SEF e PSP.
TSF\audio\2020\12\noticias\14\telmo_correia_2
Telmo Correia também questiona quem está a governar, visto que um movimento nas forças de segurança é do máximo interesse do Estado, defende, e as decisões têm sido anunciadas por várias fontes. "A partir da declaração do diretor nacional, fica uma ideia muito clara: quem é que governa? Ou ainda está alguém a governar? Porque a ideia que dá é de que já ninguém está a governar."
"Quem anuncia a reformulação das polícias é o diretor. O ministro vem desmentir o diretor. O primeiro anúncio de uma reformulação foi do Presidente da República", comenta o deputado, ilustrando os sinais de contradição.