O programa "Prevenir em família e comunidade" quer aproximar famílias e crianças em contextos vulneráveis para fortalecer laços e prevenir comportamentos de risco.
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Pode ser a mãe, o pai, a avó ou a tia. São convidados a sentarem-se nos bancos da escola para sessões de família onde vão aprender a conversar e a resolver problemas através de várias técnicas.
"Temos um problema na família para resolver, por exemplo uma discussão ou uma negociação difícil como uma saída à noite. Coloca-se depois os pais - um a fazer de filho e outro a fazer de pai - a desempenharem um papel como se fosse um teatro", exemplifica Suzete Frias, explicando um dos métodos do projeto, a interpretação de papéis.
A diretora regional de Prevenção e Combate às Dependências explica que "o objetivo é que resolvam a situação de uma forma saudável e adaptativa. E às vezes é mais fácil quando nós colocamos os pais a desempenhar um papel. Por um lado para serem empáticos e perceberem a perspetiva do outro e por outro lado é mais fácil do que nos estarmos a expor quando desempenhamos o nosso papel enquanto pessoa individual".
O projeto é pioneiro em Portugal e foi adaptado à realidade açoriana através de um programa espanhol da Universidade das Ilhas Baleares, em colaboração com o Centro Integrado de Apoio Familiar de Coimbra e a Universidade de Coimbra.
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Suzete Frias explica que as sessões são conduzidas por psicólogos em escolas de territórios vulneráveis para prevenir comportamentos de risco através da consolidação de laços familiares. "O enfoque é promover a relação e a vinculação que é uma das 'vacinas' que nos protegerem de comportamentos de risco, entre elas o mau uso de substâncias".
A diretora regional de Prevenção e Combate às Dependências lembra que o excesso de trabalho e as novas tecnologias estão a roubar tempo de qualidade entre às famílias. "Não basta saber que gosto muito dos meus filhos e que estou a trabalhar para os alimentar. É necessário que eles sintam que os amamos e só sentem que os amamos quando partilhamos e experimentamos experiências e tempos livres, e negociamos e conversamos".
Suzete Frias que é preciso que as famílias voltem a comunicar cara a cara e "este programa também ensina e treina a terem conversas de 5 a 10 minutos para cada um saber um pouco do seu dia, do que aconteceu, das dificuldades".
O projeto "Prevenir em família e comunidade'"avança a título experimental no próximo ano letivo, em setembro, em três territórios vulneráveis, dois na ilha de São Miguel e um na ilha Terceira. Vai abranger 125 famílias com crianças dos 7 aos 11 anos.