Bastonária da Ordem dos Enfermeiros refere-se a um relatório que "é desonesto e não sério".
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Ana Rita Cavaco reagiu ao resultado da sindicância determinada pelo Ministério da Saúde e fala de uma "caça às bruxas". A bastonária da Ordem dos Enfermeiros justifica que as despesas em causa são normais dentro de uma ordem, tendo em conta as deslocações, alojamento e alimentação que precisam de cobrir em diversos casos.
"Estamos a falar de despesas correntes porque toda a gente entende que uma ordem profissional que está todos os dias no terreno a fazer denúncias, está nos hospitais, nos centros de saúde, que se desloca a representações internacionais não vai a nado. [A Ordem] Tem necessidade de adquirir bilhetes de avião, estadias em hotéis, tem necessidade de indicar centenas de enfermeiros para grupos de trabalho do próprio Ministério da Saúde, a quem tem de pagar despesas de alimentação, de deslocação... estamos a falar de despesas absolutamente normais e que estão suportadas, enquadradas e justificadas", explica em declarações à TSF.
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A sindicância determinada pelo Ministério da Saúde à OE conclui que há fundamentos para dissolver os órgãos da entidade liderada por Ana Rita Cavaco, mas a responsável garante que "é desonesto e não é sério vir dizer num relatório que aqueles valores correspondem a indícios de crime quando são valores anuais, de despesas correntes perfeitamente normais e nem a bastonária nem nenhum órgão do nosso conselho diretivo ou de qualquer órgão da ordem usa cartões de crédito".
"Os cartões de crédito estão fechados num cofre, são usados apenas por um funcionário que tem autorização para isso, nós não conhecemos os códigos e são usados para fazer compras online dos bilhetes de comboio, de avião, das estadias em hotéis", acrescenta Ana Rita Cavaco.
Perante o cenário tornado publico pelo Jornal da Noite da SIC, a bastonária dos enfermeiros aponta o dedo às entidades da área. "Há uma caça às bruxas desde que começámos a denunciar as situações que encontrávamos nos serviços desde há três anos e meio. O português tem uma forma de estar muito hipócrita, não gosta de ver expostos os seus problemas, mas só conseguimos resolver os problemas quando somos capazes de os reconhecer", frisou.
Gastos foram considerados injustificados
O documento afirma que foram detetados gastos sem justificação da bastonária dos Enfermeiros e evidências da sua participação na "greve cirúrgica" que estes profissionais realizaram no final de 2018 e início deste ano e que paralisou blocos operatórios em todo o país.
A IGAS aponta a recusa da OE no acesso a documentação durante a sindicância, que encontrou armários fechados a cadeado na sede da entidade, mas, apesar disso, identificou vários gastos da bastonária que considera injustificados.
Entre os gastos, a IGAS refere seis mil euros em restaurantes, mais de três mil euros em levantamentos, cerca de cinco mil em compras no estrangeiro, quase oito mil em Via Verde e 70 mil em cartão de crédito, além de deslocações em viatura própria que rondavam em média 2.600 euros por mês, o que, segundo as contas da SIC, implicaria viagens de 400 quilómetros diários pagos a 36 cêntimos/quilómetro.
O relatório cita igualmente mensagens da bastonária nas redes sociais, que, segundo a IGAS, demonstram o seu envolvimento em atividade sindical que legalmente está proibida a uma ordem profissional.