Habilitações da mãe e problemas económicos afetam o sucesso das crianças na escola

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Apenas 19% dos alunos que tenham mães com o ensino básico conseguem percursos de sucesso no 3º ciclo. Percentagem que chega aos 71% entre os filhos de mães licenciadas.
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Um estudo publicado pelo Ministério da Educação sobre o sucesso dos alunos do 3º ciclo conclui que "há uma relação muito forte entre o desempenho escolar e o meio socioeconómico dos seus agregados familiares".
O trabalho analisou essencialmente duas variáveis: as habilitações escolares da mãe e a existência ou não de apoio da Ação Social Escolar (ASE). Foram analisados os percursos dos alunos das escolas públicas e os resultados apontam para enormes diferenças sociais.
Um dos gráficos do estudo mostra que entre os alunos que não recebem qualquer apoio social a percentagem de percursos de sucesso no 3º ciclo é de 49%. Pelo contrário, os que têm o escalão mais elevado de ASE, ou seja, crianças de famílias com condições económicas mais modestas, a percentagem é de apenas 20%.
Vale a pena explicar que os percursos de sucesso identificados pela pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) referem-se a alunos que concluíram o 9º ano com positiva nas duas provas finais a Português e Matemática, depois de um percurso sem chumbos nos 7.º e 8.º anos.
Nas habilitações das mães as diferenças também são enormes e o próprio estudo avança um exemplo. Entre os alunos cujas mães têm licenciatura ou bacharelato, a percentagem de "percursos de sucesso" no 3.º ciclo é de 71%, enquanto entre os alunos cujas mães têm habilitação escolar mais baixa, equivalente ao 4.º ano, a mesma percentagem de percursos de sucesso é de apenas 19.
Apesar dos números alcançados pelo estudo, a investigação defende que estes "não equivalem a destino, ou seja, não determinam de forma inapelável o desempenho escolar dos alunos".
Os especialistas do Ministério dizem que a prova da afirmação anterior é que "os alunos de certas regiões do país com indicadores socioeconómicos desfavoráveis, como Braga ou Viseu, têm", apesar de tudo, "indicadores de desempenho francamente superiores à média nacional", o que aponta para a existência de melhores práticas em certas escolas públicas.
A DGECC defende por isso que existem "fatores importantes, além do nível socioeconómico", que devem ser investigados, nomeadamente o que leva famílias com os mesmos níveis de rendimento a terem melhores resultados escolares.
Na reação a este estudo, o Ministério da Educação emitiu uma nota em que sublinha que estes resultados reforçam a importância da escola pública no combate às desigualdades.
Razões que levam o governo a prometer apostar na ação social escolar, mas também no combate à pobreza e à formação de adultos.