Hepatite C: Família de vítima só acedeu ao processo clínico depois de intervenção do ministro
O filho explica que, de início, faltou a parte mais importante relacionada a autorização para receber o medicamento inovador. Hospital justificou-se com lapso. Família já começou a analisar documentos e mantém intenção de avançar para tribunal.
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A família da doente com hepatite C que morreu no início do ano à espera de um medicamento inovador teve de pedir a intervenção do Ministro da Saúde para receber todo o processo clínico. Numa primeira fase, o Hospital Egas Moniz enviou os documentos incompletos. O filho diz que faltava o mais importante e não acredita na «boa fé» do hospital.
David Gomes conta à TSF que de início enviaram-lhe informações sem grande relevância, faltando «tudo o que diz respeito às marcações de transplante e à autorização especial para receber o novo medicamento». A família voltou a reunir com o Ministro da Saúde que prometeu resolver o assunto.
David Gomes explica que o hospital justificou-se com um lapso, explicação que, segundo afirma, não faz sentido porque se trata da parte mais relevante do processo clínico da mãe e que pode ajudar a explicar o que se passou.
O processo clínico, completo, chegou há uma semana e, numa primeira análise, a família encontra um enorme atraso: para além da «burocracia», os papéis revelam que «o medicamento foi pedido muito tarde pois a mãe teve a cirrose em fevereiro e o medicamento só foi pedido em junho». Entretanto, os documentos do hospital já foram enviados ao advogado. O objetivo da família é avançar para tribunal.
Recorde-se que, dois dias depois de ser conhecida esta morte, o governo anunciou, a 6 de fevereiro, um acordo com a farmacêutica. Mais de mil doentes já receberam o novo tratamento. O filho desta mulher falecida a 31 de janeiro diz que sente muita felicidade por ver as notícias que falam em centenas de doentes já curados, mas é, ao mesmo tempo, «uma frustração por sentir que a mãe podia cá estar se não brincassem com a saúde das pessoas».