A mulher teve uma vida dedicada à Cultura em prol da aldeia de Couto, no concelho de Vila Real
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O mundo digital também é para os mais velhos. Hermínia Coutinho acaba de fazer 100 anos e é nas redes sociais que publica poesia, depois uma vida dedicada à Cultura em prol da aldeia de Couto, no concelho de Vila Real. Foi lá que criou, entre outros, o centro cultural e o grupo de cantares.
Hermínia Coutinho escreveu peças de teatro e diversas canções. Mostrava tudo no Centro Cultural “Mãos à Obra”, que criou há mais de 50 anos. Leu imenso e também andou na vida política. Agora, é no Facebook e no Instagram que costuma dar asas à criatividade.
“Uma mulher da minha idade e ainda metida no telemóvel, veja lá! Às vezes metem tanta conversa comigo que até me arreliam. Já não estou aqui para namorar”, brinca.
Com apenas a quarta classe, Hermínia, mulher que levou uma “vida de fé”, sabia “muito latim”. Aprendeu nos tempos em que as missas eram rezadas nesta língua e “com os padres de costas voltadas para a gente”.
Lembra-se de um ditado antigo: “De mulher que sabe latim e de burra que faz ‘in’, livrai-nos senhor.” Mais uma gargalhada antes de completar: “Eu que sei muito latim, livrai-vos de mim!”
Hermínia Coutinho ainda nem acredita que completou um século de vida, mas ninguém lho dá. Nem ela própria. “Quase nem acredito. Pensei que ia morrer antes de fazer 100 anos”, sorri.
Teve oito filhos: sete homens (um deles já falecido) e uma mulher. Soma 15 netos e dez bisnetos. “Há natais em que chegamos a ser perto de 50”, lembra.
Passaram 100 anos, as pernas, “coitadas”, já não ajudam como outrora e precisa de se amparar numa bengala para ajudar na estabilidade. Mas a idade não afetou a cabeça. Por isso saem-lhe histórias em catadupa.
O filho, o compositor musical Fernando Lapa, não esconde “a felicidade” pela idade da mãe e pela “vitalidade física e lucidez” que ainda apresenta, além do “enorme grau de autonomia”. O neto João Lapa sente “admiração” pela avó, que vê como “um exemplo para todos”.
