No dia Internacional das Histórias de Vida, a TSF foi conhecer o trabalho do núcleo da oralidade do Museu da Ruralidade de Castro Verde.
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Isabel puxa pela memória dos seus primeiros Natais. "Tinha 6 anos. Ainda me lembro de pôr o sapato na chaminé. De manhã levantava-me e não estava lá nada. Não havia dinheiro para comprar nada à gente", lamenta. Na pobreza de um Alentejo de há 60 anos, esta é uma das muitas histórias de vida, de bocados de existências que estão a ser recolhidos e não se querem perder.
Miguel Rego, arqueólogo e coordenador do museu, explica que a partir de determinados temas que consideram interessantes para exposições, publicações ou para assinalar datas especiais, escolhem determinada pessoa que fala da sua vida, sempre nesse contexto.
O Natal, a escola de antigamente, as minas, a vida das mulheres ou a reforma agrária são alguns dos temas que o Núcleo da Oralidade está a trabalhar. "Temos entrevistas com quem estava ligado às UCP's (Unidades Coletivas de Produção) e à Reforma Agrária, mas também o lado contrário, daqueles que eram proprietários na altura", diz Miguel Rego.
Nestas histórias que perpassam a história de uma região, o olhar no feminino é sempre mais profundo. "Há mais clarividência sobre a sociedade nas histórias de vida femininas do que nas masculinas", garante o coordenador do Museu. Muitos destes testemunhos já podem ser escutados no museu da Ruralidade de Castro Verde.