Para promover a inclusão e dar voz aos alunos imigrantes, o agrupamento de escolas de Pedrouços, no concelho da Maia, apresenta quatro filmes de animação e uma peça de teatro, esta quinta-feira
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Vashma veio do Paquistão, onde os direitos das mulheres existem, mas "não são respeitados". É a maior diferença que a jovem indica quando é questionada por uma aluna do agrupamento de escolas de Pedrouços, no concelho da Maia. As conversas entre os estudantes deram o pontapé de saída para o projecto "Histórias sem fronteiras", inspirado na iniciativa que Fausta Pereira começou por levar aos campos de refugiados da Grécia.
Aqui, as crianças e adolescentes criaram pequenos filmes de animação, muitos dos quais sobre as experiências traumáticas vividas na fuga de países em guerra.
Agora, Fausta Pereira adaptou a ideia à escala nacional para aproximar os alunos portugueses aos imigrantes que estudam nas escolas. O projecto-piloto começou na Maia, com duas turmas do sétimo e nono anos. No início, a aproximação foi feita com "perguntas muito básicas" que não eram feitas, apesar dos alunos pertencerem à mesma turma. "Porque é que vieste para Portugal?", "como é que vivias no Bangladesh?", curiosidades sobre a casa, a alimentação e a cultura serviram para quebrar o gelo.
O desconhecimento deu lugar à "alegria quando eles percebem que, afinal, estavam enganados e que tinham pressupostos errados em relação aos colegas. Isso é também uma desconstrução muito engraçada, quando eles percebem que: 'Pensei que a tua realidade era esta e, afinal, era diferente'".
Do trabalho de cerca de quatro meses, nasceram quatro filmes de animação, que serão apresentados esta quinta-feira, no grande auditório do Fórum da Maia. Além dos direitos das mulheres, as curtas-metragens abordam as diferenças das rotinas, brincadeiras e uma receita para um bolo de sonho, com ingredientes como amor, riso, gentileza, curiosidade e boas memórias.
Fausta Pereira sublinha que as "Histórias sem fronteiras" aproximaram os estudantes "de outra forma", promovendo a integração. De 2022 para 2023, o agrupamento de escolas de Pedrouços registou uma subida de 50% do número de alunos imigrantes. Chegaram do Paquistão, Bangladesh, Brasil, Venezuela, Reino Unido e França.
Além das quatro curtas-metragens, na sessão única no grande auditório do Fórum da Maia, sobe ao palco a peça "A casa que temos dentro", pela Companhia Nem Marias Nem Manéis. Como na escola, a entrada é aberta a todos. Fausta Pereira promete que tudo vai girar "à volta da integração", numa sessão "fora da caixa".
O projecto-piloto, que tem o apoio das Fundações Calouste Gulbenkian e La Caixa, quer estender-se a outras escolas, para apoiar a integração dos alunos imigrantes.
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