Dia zero do fim das moratórias privadas. Termina prazo para aceder às moratórias públicas
Acabam as moratórias privadas da banca e é o último dia para aceder às moratórias públicas.
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Quem tem moratórias privadas dos bancos começa amanhã (quinta-feira, 1 de abril) a pagar aquilo que ficou em suspenso. São 30% do total das moratórias criadas no crédito à habitação, os outros 70% são moratórias públicas.
Para os seguros a moratória nos pagamentos dos prémios é válida até setembro e no caso do crédito especializado (como é caso do consumo) as moratórias já acabaram no final do ano passado.
Além do fim das moratórias privadas hoje (quarta-feira, 31 de março) é ainda o último dia para a adesão à moratória pública. Quem preencher hoje os requisitos pode aceder à pausa nos pagamentos até ao fim do ano, são 9 meses de desafogo para quem cumprir o leque de critérios definidos pelo Governo e disponibilizados no site do Banco de Portugal (BdP), mas para o Bloco de Esquerda, pela voz de Mariana Mortágua hoje marca-se o último dia de desafogo para muitas famílias porque "a economia, o tecido empresarial, o emprego e a vida de muitas pessoas está a ser segurada pelos fios das moratórias".
Já a deputada do CDS, Cecília Meireles, defende que está na altura do Banco de Portugal criar uma brigada de minas e armadilhas na medida em que "quando se está perante uma bomba relógio a prioridade deve ser desativar a bomba relógio e não estar a adiar porque isso não resolve problema nenhum".
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Cecília Meireles adianta não ficar sossegada com as palavras do Governador do Banco de Portugal. Mário Centeno garante que "a informação que temos dos bancos, é que eles estão a trabalhar com os seus clientes no sentido de haver uma transição, dentro daquilo que é a atividade bancária normal neste momento".
Mário Centeno está à espera de respostas individualizadas da banca e na opinião do PS, segundo a deputada Vera Brás, o problema pode ser resolvido com o já existente Plano de Ação para o Risco de Incumprimento, isto porque "o adiar do término das moratórias não vai resolver o verdadeiro problema".
Os bancos nacionais dizem estar em contacto com os clientes para negociarem qual a melhor solução para quem mostrar problemas a cumprir as prestações dos pagamentos, isto de modo a que os clientes não fiquem na lista negra da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal.
Ou seja, quem tiver dificuldade precisa negociar com a instituição financeira para não entrar em incumprimento e para que o banco não fique com um crédito mal parado.
Adiar as moratórias e por um período de seis meses é o que vai pedir esta quarta-feira o PCP na Assembleia da República.
Não há condições de começar a pagar as prestações de forma normal, porque a vida não está normal
"Neste momento para muitas famílias que têm créditos à habitação e para muitas empresas que recorreram a estas moratórias não há condições de começar a pagar as prestações de forma normal, porque a vida não está normal", afirma o deputado comunista Duarte Alves.
Portugal esta no top europeu de moratórias devido à pandemia. Com 46 milhões de euros presos a moratórias, perto de 22% do crédito total das instituições financeiras está em moratória, é das percentagens mais elevadas na União Europeia, logo a seguir da Itália, França e Espanha e isso leva a que o PSD, pela voz de Carlos Silva argumente que a União Europeia não quer saber deste problema da Europa do sul e "muito provavelmente vamos ter que tratar deste problema sozinhos e a União Europeia não estará disponível para resolver estas situações".
Mário Centeno tem defendido que Portugal não deve adotar medidas sobre moratórias de forma isolada do resto da Europa.