Homens ganham até 18% mais do que as mulheres. Observatório quer "sistema absolutamente transparente"
No Fórum TSF, Sara Falcão Casaca defende que é "muito importante" falar na "remuneração que inclui não só a retribuição base, mas também todas as prestações regulares". Só assim se pode analisar de forma "transparente" as diferenças salariais por género
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A presidente do Observatório Género, Trabalho e Poder, do ISEG, Sara Falcão Casaca, defendeu, no Fórum TSF desta quinta-feira, que é necessário transparência em relação ao valor dos ordenados entre homens e mulheres, nomeadamente numa altura em que os dados mostram que as desigualdades podem chegar aos 18%.
No Dia Internacional da Igualdade Salarial, um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto revelou que os homens ganham 13% mais do que as mulheres e a diferença aumenta para 16% com prémios e subsídios. Ainda assim, Sara Falcão Casaca alertou para uma desigualdade maior do que aquela que os números revelam.
Sara Falcão Casaca explicou que “quando os atributos são idênticos, temos um diferencial remunerado superior e, portanto, para a remuneração de ganho é de 18%”.
“E é muito importante nós falarmos na remuneração ganha, ou seja, na remuneração que inclui não só a retribuição base, mas também todas as prestações regulares que as trabalhadoras e os trabalhadores auferem como contrapartida pelo trabalho que prestam, porque esse é o conceito legal de remuneração”, acrescentou.
Para a presidente do Observatório Género, Trabalho e Poder, importa refletir sobre como é determinado o valor do salário das mulheres e dos homens. Esse processo deve ser "completamente transparente", assinala ainda, até porque “é na remuneração ganha que o diferencial aumenta”.
Também ouvida no Fórum TSF, a presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Sandra Ribeiro, considerou que, embora tenham sido dados passos concretos, é preciso fazer mais para solucionar o problema.
“As legislações que temos em vigor até agora, de facto, não têm conseguido obrigar a que as entidades patronais tenham sistemas transparentes de formação salarial, ou seja, que cada salário tenha de ser explicado porque é que é aquele valor e não é outro”, disse.
