Hospitais da periferia de Lisboa queixam-se de distribuição de doentes desigual
Carta assinada por sete administrações hospitalares denuncia diferenças na taxa de esforço entre os hospitais do centro e os da periferia na área metropolitana de Lisboa.
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Sete administrações de hospitais da área metropolitana de Lisboa assinam uma carta conjunta onde se queixam do esforço desigual que está a ser exigido às diferentes unidades perante o agravamento da crise pandémica, pedindo uma distribuição equilibrada dos doentes.
O documento dirigido à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e à ministra da Saúde no último domingo, a que o jornal i teve acesso esta quarta-feira, critica gestão entre hospitais do centro e da periferia na área metropolitana.
"Existem, naturalmente, diferenças locais, as quais têm implicado que essa pressão assuma valores diferentes entre os hospitais, mas é evidente que a cintura de Lisboa é a área mais flagelada pela pandemia e pela sua expressão em procura de cuidados hospitalares", escrevem os administradores hospitalares.
No dia 22 de janeiro, por exemplo, o Centro Hospitalar Barreiro/Montijo, o Centro Hospitalar de Setúbal, o Hospital Beatriz Ângelo (Loures), o Hospital Garcia de Orta (Almada), o Hospital José de Almeida (Cascais), o Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e o Hospital de Vila Franca de Xira apresentam taxas de esforço do seu internamento de doentes Covid-19 em enfermaria entre os 45% e os 71%, enquanto os centros hospitalares universitários de Lisboa Central e Lisboa Norte tinham ocupações de 25% e 32,1%. O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental é exceção, com uma taxa de esforço de 50,6% na mesma data.
O problema são os internamentos nos sete hospitais que se encontram "numa clara situação de resposta a uma catástrofe", já que nos cuidados intensivos, "a situação é mais equilibrada", ressalvam os administradores hospitalares.
Além disso, "quanto menor a dimensão e lotação dos hospitais, maior é a dificuldade de encontrarem recursos humanos e físicos adicionais para enfrentarem a procura crescente".
O documento termina com um apelo: "Neste momento em que os centros hospitalares de Setúbal e Barreiro/Montijo e os Hospitais Beatriz Ângelo, Garcia de Orta, José de Almeida, Prof. Doutor Fernando Fonseca e de Vila Franca de Xira se encontram numa clara situação de resposta a uma catástrofe, as suas administrações apelam a que o nível de empenhamento de meios de todos os hospitais da Região de Lisboa e Vale do Tejo seja semelhante, de maneira a garantir uma distribuição equilibrada do esforço dos denodados profissionais de saúde, que se abeiram da exaustão, e a equidade dos níveis de resposta, da qualidade e da segurança da assistência aos doentes".
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Pelo menos quatro hospitais já têm mais camas ocupadas com doentes infetados pelo coronavírus do que o previsto no máximo do plano de contingência: Loures, Setúbal, Vila Franca de Xira e Amadora-Sintra. Este último chegou esta terça-feira aos 363 doentes internados, quando o pior cenário apontava para 337 camas de internamento dedicadas à Covid-19.
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