"Hospitais de mãos e pés atados." Administradores hospitalares culpam Ministério das Finanças por atraso na aprovação dos orçamentos
Sem orçamento aprovado, Xavier Barreto garante à TSF que os hospitais nada podem fazer
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O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, confirmou à TSF que a aprovação dos orçamentos dos hospitais está atrasada. O que impede, por exemplo, a contratação de profissionais de saúde. E culpa o Ministério das Finanças por este atraso.
"O pressuposto aqui, se o sistema estivesse a funcionar de forma ótima, era que eles fossem aprovados no final do ano passado. Esta era a ideia, a lógica que, em boa verdade, foi tentada pelo anterior Governo, mas sem sucesso. A ideia, tentada ainda pelo então secretário de Estado Ricardo Mestre, é que os hospitais entregassem os seus planos, na altura plano de atividades e orçamento, agora planos de desenvolvimento organizacional, até setembro/outubro para que depois fossem aprovados ainda até ao final desse ano e o ano seguinte começasse já com esses planos aprovados e, portanto, os hospitais pudessem laborar com autonomia, com capacidade de decisão, contando com um orçamento para a gestão do seu exercício naquele ano. Infelizmente isso nunca aconteceu porque o Ministro das Finanças continuou a ser uma parte importante deste processo, continuou a ter uma palavra, uma capacidade de veto, de autorização ou não desses planos e isso inviabilizou o ano passado", explicou Xavier Barreto.
Sem orçamento aprovado, os hospitais nada podem fazer.
"Dizer que o plano está aprovado, mas dizer que os hospitais não podem fazer contratações de recursos humanos ou fazer os investimentos que são necessários e indispensáveis é a mesma coisa que não aprovar o plano. Foi isso que aconteceu no ano passado e, portanto, essa expectativa de facto foi criada nos últimos dois anos pelo anterior Governo. Não aconteceu e todo este processo depois foi prejudicado pelos acontecimentos que todos conhecemos. A queda do Governo, as eleições, o período eleitoral e a posse do Governo. Os hospitais estão de mãos e pés atados e não podem tomar qualquer decisão", acrescentou o responsável.
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares destaca ainda que nesta altura os hospitais já deviam estar a tratar dos orçamentos para o próximo ano e ainda não têm o orçamento para este ano aprovado. No caso dos administradores hospitalares, a ministra da Saúde defendeu na quarta-feira que há administrações fracas e anunciou uma auditoria aos hospitais públicos.
