Hospitais "tomaram decisões diferentes" durante apagão. Elaboração de plano de contingência comum tem "de ser feito já"
Xavier Barreto, líder da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, lembra a "imprevisibilidade" de fenómenos como o apagão de segunda-feira para justificar a urgência de "pensar em todas as situações e todos os cenários"
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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) pede um plano de contingência comum aos hospitais, que durante o apagão tomaram "decisões diferentes" entre si: enquanto que uns optaram por encerrar toda a atividade programada, por terem geradores com menos capacidade, outros mantiveram-se em pleno funcionamento de atividades, porque possuíam geradores capazes de garantir os serviços durante um a dois dias. Em declarações à TSF, Xavier Barreto entende que isto é "motivo de reflexão".
"Eu percebo que um hospital continue a funcionar em pleno porque tem geradores e combustível para aguentar dois dias. Mas a verdade é que, se porventura um outro hospital tivesse ficado sem combustível e tivesse de transferir doentes para esse outro hospital, se calhar mandaria o bom senso e a precaução que esse hospital também tivesse interrompido a sua atividade programada para guardar combustível para mais tempo, porque poderia vir a ser necessário", sublinha.
O líder da APAH lembra ainda a "imprevisibilidade" de fenómenos deste tipo para destacar a importância de serem realizadas simulações que acautelem estas situações.
"Era avisado simular-se também uma resposta a um grande sismo, particularmente nas regiões potencialmente mais afetadas, nomeadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, e pensar em todas as situações e todos os cenários, eventualmente, até situações que envolvam o compromisso da resposta hospitalar habitual ou tradicional", defende, acrescentando que se deve planear tendo em conta "o pior cenário".
Xavier Barreto espera igualmente que se possam tirar ilações do apagão com a "maior brevidade", apesar de o país estar à porta de uma campanha eleitoral. Reforça que eventos como o de segunda-feira "podem acontecer já amanhã" e, por isso, a definição "de regras tem de ser feita já".
O presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal, António Nunes, também reconhece que nem todos os hospitais possuem geradores com a mesma capacidade de consumo e depósito. Ainda assim, entende que o mais importante é perceber se as Unidades de Saúde têm algum plano para alimentar os geradores, caso fiquem às escuras.
"Se o gerador não tiver simultaneamente esse plano de reabastecimento, temos de aumentar a capacidade do depósito. Se tiver, são razoáveis as tais cinco/seis horas, porque a casuística diz-nos que, salvo numa situação, por exemplo, de sismo na cidade de Lisboa, não há no histórico um episódio de que a cidade tenha ficado mais do que esse tempo sem energia", adianta.
António Nunes garante que no caso dos hospitais não terem um plano que permita assegurar eletricidade por algumas horas, é preciso pensar em alternativas e refere, desde logo, a elaboração de um plano nos hospitais, em coordenação com a Proteção Civil.
"A instalação do gerador e a sua capacidade de resposta deve ser acompanhada de um plano elaborado pelo próprio hospital em coordenação com a Proteção Civil, no sentido de, ao final de duas horas, se não houver energia, ser implementado um reabastecimento ao próprio depósito do gerador", remata.
