Hugo Gonçalves é o autor do romance autobiográfico "Filho da Mãe", que nos leva numa viagem pelo seu passado mais íntimo, fortemente marcado pela morte da sua mãe.
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Foi em 2015, prestes a completar 40 anos -- e após a morte do avô materno, cujo testamento lhe foi entregue num saco de plástico pela avó Margarida --, que Hugo Gonçalves resolveu começar a viagem na qual procurou pessoas e lugares para relembrar pormenores sobre a sua mãe. A mãe que perdeu aos 8 anos e que, com o passar inabalável do tempo, lhe ia fugindo da memória.
Hugo viajou até aos sítios onde viveu e passou férias com a mãe quando era pequeno, "de forma a tentar apurar ou a agitar o lodo da memória e a ver o que é que vinha ao de cima", conta em entrevista à TSF.
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À conversa com Fernando Alves, o autor falou do romance intimista que desnuda não só a sua história, mas também a da sua família, marcada pelo luto. Aborda também o seu passado quase frenético vivido em Nova Iorque, "uma vida vincadamente boémia, como forma de afirmação da personalidade e da identidade".
Se em criança se sentiu "alguém removido do evento mais definidor da sua vida", achando-se até um "estrangeiro existencial", como o próprio afirma, hoje em dia pensa de forma diferente. "Tenho quase a certeza de que a ausência da minha mãe é aquilo que sou, se ela não tivesse morrido talvez nem sequer escrevesse", admite.
Com este romance, o escritor autopropôs-se a "lançar luz sobre tudo aquilo que estava coberto pela obscuridade do luto." Esta é a história de vida de Hugo, mas serve para muitos mais. A sua história de vida cruza-se com a de tantos outros.