O ex-acionista da TAP Humberto Pedrosa considera que este não é o melhor momento para vender a companhia aérea.
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O ex-acionista da TAP Humberto Pedrosa garante que está disponível para voltar a entrar no capital da companhia aérea se houver um grupo de investidores portugueses interessados.
A revelação foi feita esta terça-feira no final da audição na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP, onde o empresário considerou a TAP "uma boa companhia" aérea, mas a precisar de uma boa gestão.
"Acredito na TAP, é uma boa companhia, uma grande marca, [...] precisa é de ter uma boa gestão", afirmou Humberto Pedrosa, apontando que, antes da pandemia, foi avaliada em até 1.000 milhões de euros.
"Valeria a pena encontrar um grupo que pudesse ficar com a TAP e pudesse ter a possibilidade de, num prazo longo, devolver ao Estado os fundos que o Estado colocou na TAP", defendeu. "Eu gostaria e faria muito gosto nisso."
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Questionado sobre que escolha faria para liderar a administração da TAP, Humberto Pedrosa aponta ao nome do atual presidente executivo, Luís Rodrigues, que descreveu como "um homem bastante competente".
Questionado sobre a nova privatização que Governo pretende fazer, Pedrosa considerou que pode haver "uma solução intermédia", continuando a TAP pública mas com um contrato de gestão privada.
Humberto Pedrosa considera que este não é o melhor momento para vender a companhia aérea e que, caso a empresa fosse sua, esperaria por "melhor oportunidade" para o fazer, mas nunca à Iberia.
Para o empresário, "tem que haver muito cuidado com a venda" da empresa, considerando que os critérios não podem ser apenas pelo valor.
"Mesmo que a Iberia pagasse melhor do que a Lufthansa, eu acho que deveríamos optar por uma Lufthansa ou por outra companhia, nunca pela Iberia", defendeu, considerando que há o risco do hub de Lisboa passar para Madrid.
Sem intervenção do Estado em 2020 a TAP "acabava"
O ex-acionista da TAP considera que sem a intervenção do Estado, em 2020, a companhia aérea acabava, mas considerou que a forma poderia ter sido outra, através de prestações acessórias e não em capital.
"Na realidade, não havia outra solução, senão a intervenção do Estado português na TAP. Esses fundos eram essenciais, ou o Estado intervinha e colocava os fundos necessários na TAP ou a TAP acabava e acho que foi uma boa opção", considerou Humberto Pedrosa, questionado pelo deputado social-democrata Paulo Moniz.
O empresário considerou, no entanto, que a intervenção poderia ter sido através de prestações acessórias, e não em capital, ou mesmo uma opção mista.
Humberto Pedrosa rejeitou a ideia de ter sido "escorraçado" da TAP, porque, "na realidade, chegou a um ponto de não haver condições para poder continuar".
"Eu via que a estratégia do Governo não contava comigo. Como não contava comigo, eu não estava ali a fazer nada, mas a minha decisão [de sair] foi tardia", apontou, garantindo não ter 'chorado' o dinheiro que deixou na companhia. "Eu poderia, com alguma antecedência, ter saído, mas eu apostava na companhia e gosto da companhia e acredito [nela]", reiterou.
Pelo contrário, o empresário congratulou-se por ter contribuído para a recuperação de uma companhia aérea que encontrou "sem saldo de caixa e pagamentos em atraso, em risco de não poder pagar salários".
"O grupo Barraqueiro não apenas utilizou fundos próprios para pagamento do preço e cumprimento da parte que lhe competia, [...] como facilitou uma linha de crédito com garantia pessoal minha e cedeu à TAP a linha de crédito aberta pela banca para o grupo Barraqueiro", adiantou o empresário.