"Ice Merchants" não ganhou, mas fez história. Qual o futuro da animação em Portugal?
Depois dos Óscares, João Gonzalez, o realizador de "Ice Merchants", continua nos EUA, para participar no festival South by Southwest.
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"Queremos muito que o público veja a qualidade do nosso cinema de animação nacional e que perceba que, além de reconhecimento internacional, importa também o reconhecimento nacional", diz à TSF Regina Machado, presidente da Casa da Animação, depois de a curta-metragem "Ice Merchants" ter estado na lista de nomeados para os Óscares e, apesar de não ter vencido, ter feito história no cinema de animação, em Portugal.
Passada a cerimónia de Hollywood, Regina Machado destaca que foi dado o primeiro passo para um reconhecimento internacional, mas reforça que o mais importante é que o público português perceba a qualidade do cinema de animação e do cinema português.
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"Acreditamos que agora estamos a dar o primeiro passo para que isso aconteça [o reconhecimento] fora do seio do setor do cinema de animação", considerou a presidente da Casa da Animação.
Mas há mais filmes portugueses de animação a chegar aos cinemas. Regina Machado sublinha que, em breve, vão estrear-se duas curtas-metragens, "Os demónios do meu avô" e "Nayola", e ainda uma longa-metragem, "Interdito a cães e italianos", um projeto com coprodução portuguesa.
Regina Machado acredita que a animação é o ponto forte do cinema português devido, principalmente, à linguagem universal deste tipo de filmes. Ainda assim, considera que as distribuidoras comerciais deviam investir mais nas ofertas nacionais.
Mais investimento privado
"Gostaria de ver uma regularidade na programação, ou seja, uma regularidade de um filme de animação na sala, seja curta-metragem ou média-metragem. (...) E aproveitando a onda e o reconhecimento que tivemos graças ao Óscar era muito bom que as distribuidoras comerciais começassem a pensar nestas exibições como algo diferente e nacional, que é sempre muito importante", acrescentou, em declarações à TSF.
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Regina Machado lembra que, em Portugal, ainda não existe uma Indústria de filmes de animação e, por isso, defende que é fundamental o investimento dos privados.
A líder da Casa da Animação admite, por outro lado, que o Instituto do Cinema e Audiovisual concede muitos apoios quando comparado com outros países europeus, mas reforça que o investimento dos privados contribui consideravelmente para a realização de novas produções com mais qualidade.
"Desde a primeira fase até à execução final de um filme, mesmo que uma curta-metragem, decorrem dois, três, quatro anos... E, então, o investimento privado iria salvar essa parte", salienta.
João Gonzalez, o realizador de "Ice Merchants", continua nos Estados Unidos, para participar no festival South by Southwest, sendo que o filme vai ser exibido esta quarta-feira.