Um dos mais antigos e típicos espaços de restauração da cidade invicta, hoje na crista da onda turística, mantém o fulgor e uma ementa em que surgem pratos que ficaram na história da casa.
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No Porto que fervilha de turistas, a Ribeira é um dos locais mais concorridos. Uma mole imprime, com caráter quase permanente, maior colorido e animação a toda a zona onde se começou a escrever a história da cidade invicta.
O tipicismo da Ribeira portuense foi, entretanto, submerso pela maré do turismo que se espraia um pouco por toda a cidade, mas as marcas de outros tempos ainda permanecem, indiferentes aos fenómenos da moda.
Uma das referências, no domínio da restauração, é o Chez Lapin, denominação francesa para um espaço que vai já nos 80 anos de existência.
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Uma longevidade que traz à memória de várias gerações, lembranças de outros tempos, a recordação das farras da vida académica bem regadas e que faz reviver momentos únicos passados no restaurante da típica rua dos Canastreiros.
As salas interiores têm a história da casa escrita nas paredes, com as mensagens ali deixadas pelos clientes.
A decoração é um verdadeiro bric-à-brac de objetos, fotos e adereços diversos. Esta faceta rústica acaba por ser uma espécie de atração da casa que, passado o inverno, ganha dimensão exterior com a esplanada, particularmente concorrida. O cenário dominado pela ponte Luís I, pelo Douro e pela margem oposto do rio é convite aliciante para tomar assento numa das mesas e começar por saborear uns bolinhos de bacalhau, os tradicionais pastéis; chouriço assado ou alheira no forno.
Há mais opções na ementa, que propõe, nos pratos de peixe, alguns grelhados - robalo, salmão, espadarte, linguado - e filetes de polvo com arroz de feijão, acompanhamento idêntico ao das sardinhas fritas.
Servido num tachinho, caldoso e sápido, revelou-se superior às petingas.
Na meia dúzia de propostas cárnicas, boa nota para a carne em vinha de alhos e para o arroz de pato à Avó Micas, coberto com queijo gratinado, opção não consensual, embora tradicional em muitos restaurantes nortenhos.
Frango à carioca no forno e tranches de porco com molho mostarda são alternativas a par das chamadas especialidades, de confeção mais demorada: e que fazem arte da história da casa: coelho à Chez Lapin; novilho com vinho do Porto e os tradicionais pratos de bacalhau: com natas e gambas; assado no forno ou com broa.
Tamboril na caçarola e polvo assado no forno completam este capítulo.
Nas sobremesas, o bolo de bolacha, com cobertura de amêndoa é boa escolha.
Garrafeira de bom nível. Erviço diligente e simpático neste restaurante portuense com um paradigma diferente de outros tempos; hoje, mais virado para uma clientela turística, mas sem desvirtuar princípios.
Restaurante Chez Lapin, no Porto.
Onde fica:
Localização: R. dos Canastreiros 40-42, 4050-149 Porto
Telef.: 22 200 64 18