Demissão de Carla Castro: IL lamenta "forma" e "refuta liminarmente" razões da saída
O partido diz ter alertado a deputada para as consequências que a sua saída poderia ter para a Iniciativa Liberal.
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A Iniciativa Liberal revelou que Carla Castro apresentou, na quinta-feira, a intenção de se demitir da função de vice-presidente da bancada do partido, que refutou "liminarmente" os fundamentos apresentados pela deputada e pediu-lhe que ponderasse a decisão.
"Foi ainda recordado que estava prevista para setembro a reorganização de todas as funções do grupo parlamentar e das funções que os deputados exercem em representação do mesmo. Foi-lhe igualmente explicado o potencial impacto externo, nomeadamente num momento em que o partido e o grupo parlamentar tinham estado sob forte pressão pública nas horas precedentes. E que, especialmente e naquele momento, estava também já prevista uma declaração ao país do senhor Presidente da República relativa à crise política institucional que Portugal atravessa, não se sabendo inclusivamente se o país estaria em vias de entrar num novo período eleitoral", pode ler-se no comunicado da IL.
Apesar de todos estes argumentos, e de ter sido alertada para as consequências que a sua saída poderia ter para a Iniciativa Liberal, Carla Castro quis avançar com a demissão. No final da nota, o partido agradece à deputada "o contributo que deu" enquanto vice-presidente do grupo parlamentar, mas lamenta "a forma como decidiu apresentar a sua demissão".
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"Sem que prévia e institucionalmente tivesse manifestado qualquer desconforto com as situações agora invocadas. A Iniciativa Liberal continua a trabalhar todos os dias para mostrar aos portugueses que existe uma alternativa política sólida à degradação do regime promovida pelo PS e o grupo parlamentar continuará a cumprir o seu papel nessa missão", rematam.
A deputada da IL anunciou esta sexta-feira que resignou à vice-presidência da bancada parlamentar liberal, uma vez que não se está a verificar um "efetivo exercício" do cargo em termos de participação na estratégia, comunicação e gestão.
Segundo Carla Castro, "os cargos devem ter efetivo exercício dos mesmos", o que neste caso passaria por "participação na estratégia, comunicação e gestão".
A deputada explicou ainda que decidiu comunicar esta decisão por "sentir um dever de informação", reiterando ser "muito importante a união", que deve ser o centro da ação da IL.
A 22 de janeiro, na primeira vez na sua história em que teve mais do que uma lista à liderança, o novo presidente dos liberais, Rui Rocha, conseguiu 51,7% votos dos membros inscritos, enquanto a lista de Carla Castro teve 44% dos votos, e a de José Cardoso 4,3%.
A convenção da IL foi uma reunião longa, crispada e dividida, mas apesar das trocas de acusações e do ambiente tenso, Rui Rocha e Carla Castro cumprimentaram-se no final e a deputada garantiu então à Lusa que não seria oposição ao novo presidente, com quem disse que iria colaborar, considerando que o partido sai da convenção "mais forte" e "não vai voltar a ser o mesmo".
Poucos dias depois da convenção, a 26 de janeiro, o Grupo Parlamentar da IL decidiu esta renovar a confiança no seu presidente e na vice-presidente, Rodrigo Saraiva e Carla Castro, respetivamente, que tinham colocado os lugares à disposição na sequência das eleições internas.