IL vai a votos com dois candidatos, mas com "linha vermelha" comum: "Chega não conta" para possível Governo
Corpo do artigo
Os candidatos à liderança da Iniciativa Liberal (IL) começam a contar as espingardas, em Coimbra, no Conselho Nacional que vai decidir a data das eleições. Rui Rocha e Carla Castro apoiam-se em quadrantes diferentes, prometem abrir o partido às pessoas e, para o futuro, há uma ideia que os une: numa coligação governativa de centro-direita, "o Chega não conta".
João Cotrim de Figueiredo vai abandonar a direção, mas deixa na futura liderança um desígnio de que nunca abdicou: caso se coloque a hipótese de o partido ir para o Governo, com o PSD e com o Chega, o partido de André Ventura "será sempre uma linha vermelha".
Em declarações à TSF, na véspera do Conselho Nacional, Rui Rocha garante que "não há nenhuma alteração nessa matéria" e o Chega "não conta". Da mesma forma, Carla Castro assume que o partido de André Ventura "é uma linha vermelha de que não abdica".
TSF\audio\2022\11\noticias\06\francisco_nascimento_il_conselho_nacional
Quanto a divergências, começam, desde logo, na data para a convenção do partido, que vai eleger o novo líder. Rui Rocha já anunciou que vai propor que a convenção se realize em janeiro e não em dezembro, como previsto. Já Carla Castro "vai abster-se" em todas votações sobre o calendário eleitoral.
Calendário eleitoral "alargado" ou "emendar o erro"?
Rui Rocha quer "um calendário eleitoral alargado" que permita ao partido uma maior discussão, pelo que defende que as eleições se devem realizar em janeiro. O candidato não coloca de parte que surjam mais candidaturas e salienta que os membros "têm de conhecer os candidatos e as suas propostas".
"Não podemos ter apenas presente o nosso interesse, mas temos de ter o cuidado de dar condições a todos os membros para fazerem uma avaliação. O tempo não pode ser uma restrição", diz à TSF.
Rui Rocha sublinha que a convenção em janeiro "equilibra todos os interesses do partido" para não prolongar "que a IL esteja em gestão durante demasiado tempo", com a liderança de João Cotrim de Figueiredo, que anunciou a saída a 23 de outubro.
A oposição interna acusa Rui Rocha de ter tido mais tempo para preparar a candidatura, já que soube por João Cotrim de Figueiredo, "um pouco antes", que iria deixar a liderança do partido. Ainda assim, o candidato "não percebe as críticas" e lembra que Carla Castro anunciou que iria avançar 36 horas depois.
15280225
"Há quem afirme que soube da decisão no domingo à noite e, 36 horas depois, tinha uma candidatura preparada. Portanto, eu pergunto: quem é que, de facto, estava mais preparado? Eu que precisei dos tais dias ou alguém que avançou 36 horas depois?", questiona.
Rui Rocha nota ainda "incoerências" nas críticas da oposição, por "não quererem um calendário alargado" a janeiro. No entanto, Carla Castro garante que "não há absolutamente nenhuma contradição" e distingue "partir com vantagem, de ter tempo para fazer as coisas".
A deputada acusa mesmo Rui Rocha de querer "emendar o erro". "O mal da partida está feito e não se corrige a corrigir a data. São coisas diferentes. Sobre as más condições de partida, já ficou bastante claro. Mas, a partir de agora, temos de afirmar os projetos e mostrar no que somos diferentes", argumenta.
15285168
Carla Castro vai ouvir "tranquilamente qual a posição dos conselheiros" e defende que o fundamental "é salvaguardar o melhor interesse para o partido".
"Quando tomei a decisão em avançar, a data que estava em cima da mesa era dezembro. Estou preparada, e estamos a trabalhar no programa e na equipa. É positivo para o partido termos estas eleições e em janeiro já estarmos a trabalhar em plena força no novo projeto", defende.
IL "2.0" e o "património de ideias" dos antigos líderes
Se for eleita líder da Iniciativa Liberal, Carla Castro promete adotar uma postura "reformista, colocando as ideias liberais, efetivamente, na agenda política". Além disso, a deputada quer um partido "descentralizado, participativo e com mais força dos núcleos e dos autarcas".
"Vamos também afirmar outras temáticas, que não apenas a componente fiscal", como a "mobilidade e social", destaca a candidata.
Carla Castro nota ainda "desfoque" nas críticas que recebeu dos apoiantes da candidatura de Rui Rocha, que se mostram com receio de que o partido se abra à ala conservadora ou se torne num "CDS 2.0". A candidata diz apenas que "está apenas focada na Iniciativa Liberal 2.0" para fazer com que o partido cresça.
15284879
Já Rui Rocha quer "continuar o património de ideias" de Carlos Guimarães Pinto e de João Cotrim de Figueiredo, que é comum aos dois candidatos, com medidas para o crescimento da economia portuguesa, "sempre com liberdade de escolha na saúde e na educação".
Para o futuro, o deputado nota que é necessário "potenciar o crescimento eleitoral" do partido, com propostas concretas para os problemas específicos dos portugueses, como na habitação, na mobilidade e na energia. Rui Rocha tem também "uma visão" para a revitalização do interior, assim como para garantir "a segurança das pessoas".
"Está comigo uma equipa que foi responsável pelo crescimento da IL e sabe fazer crescer o partido. É preciso saber comunicar com o país para trazer cada vez mais liberais", explica.
Os conselheiros da IL reúnem-se este domingo, em Coimbra, para definir o calendário para as eleições. Rui Rocha tem o apoio da atual direção, tal como dos restantes deputados liberais, já Carla Castro reforça-se nas bases para tentar a eleições.
15285753
