A Iniciativa Liberal tem votado contra as renovações do estado de emergência.
Corpo do artigo
O deputado único da Iniciativa Liberal afirmou esta terça-feira que vai esperar pelo decreto do Presidente da República para decidir o sentido de voto quanto à renovação do estado de emergência, devido ao agravamento da pandemia de Covid-19.
"Esta evolução da situação altera as condições e as alternativas que existem, dada a exaustão, dado o limite a que chegámos a nível de tratamento hospitalar", disse aos jornalistas João Cotrim Figueiredo, no final de mais uma reunião sobre a evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa.
A Iniciativa Liberal (IL) absteve-se na primeira votação para a declaração do estado de emergência e tem votado contra desde então.
Ressalvando que não é conhecido ainda o novo decreto do Presidente da República, o líder da IL disse que vai aguardar "para ver exatamente os termos em que esse decreto vai ser emitido".
Mas avisa que se mantêm "os três grandes motivos pelos quais a Iniciativa Liberal sempre votou contra o estado de emergência, que são uma recusa da leviandade em limitar direitos e liberdades das pessoas, uma recusa de passar cheques em branco ao Governo com poderes excessivos que nunca são utilizados, e uma recusa de sancionar a falta de justificação e de dados científicos com que as várias medidas têm sido tomadas".
"Vamos ver exatamente como é que o estado de emergência vai ser decretado para saber se há alguma novidade desse ponto de vista, porque há do ponto de vista da realidade sanitária, inegavelmente", salientou o dirigente.
João Cotrim Figueiredo pediu também hoje ao Governo que "seja claro nas medidas que quer adotar e que seja igualmente claro, coisa que não foi no passado, nas compensações que vai dar àqueles profissionais, àqueles trabalhadores e àquelas empresas cuja atividade possa ter que vir a ter que ser encerrada".
Na sua ótica, as reuniões do Infarmed "demonstraram a incapacidade deste Governo de lidar com esta crise" e a de hoje "foi mais uma vez uma série de atestados à incapacidade do Governo", como por exemplo, no que toca à "incapacidade de prever".
"E traz-nos esta situação absolutamente dramática de estarmos no limite da capacidade hospitalar, estarmos no limite da capacidade de rastreio, estarmos no limite de capacidade e até de exaustão de boa parte dos profissionais de saúde, e termos de tomar medidas de contenção sem as quais o país não poderá sobreviver", com "um enorme custo económico e social a tantos e tantos portugueses", lamentou.
Segundo Cotrim Figueiredo, o aumento do número de casos registado nos últimos dias surpreendeu o Governo", que antecipava que, nesta altura, as novas infeções "tivessem à volta de 7.00, 7.500" diariamente".
Num vídeo enviado à agência Lusa já depois da conversa telefónica que manteve com Marcelo Rebelo de Sousa, o líder liberal, João Cotrim Figueiredo, explicou que teve "ocasião de relembrar ao Presidente da República os motivos pelos quais a Iniciativa Liberal desde o princípio tem votado contra o estado de emergência".
Apesar de se manterem a mesmas razões -- a "leviandade com que direitos e liberdades dos portugueses têm sido limitados" ou "um autêntico cheque em branco que tem sido passado ao Governo, com poderes excessivos" -- Cotrim Figueiredo afirmou ser "forçoso reconhecer que a atual situação pandémica não é a mesma de há 10 meses".
"Qualquer erro de cálculo, de estimativa pode redundar em sofrimento e perdas de vida dos portugueses. Consideramos que a situação é suficientemente diferente para termos de olhar, com rigor, para a redação definitiva do decreto que chegará mais logo, para podermos ver qual é a posição, o sentido de voto da IL", reiterou.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.945.437 mortos resultantes de mais de 90,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.080 pessoas dos 496.552 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
13219633