Impacto "de grande envergadura" na Torre Bela. Há contradições entre energia e conservação da natureza
É uma decisão que pode dificultar ainda mais o cumprimento dos objetivos internacionais fixados no Pacto Ecológico Europeu e na Lei do Clima aprovada na quinta-feira no Parlamento Europeu. É assim que João Joanaz de Melo, ambientalista do GEOTA, vê a aprovação do Ministério do Ambiente para a construção de uma central fotovoltaica na Herdade da Torre Bela.
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João Joanaz de Melo, ambientalista do GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, considera que o aval do Ministério do Ambiente para construir uma estrutura fotovoltaica na Quinta da Torre Bela constitui uma contradição, que pode não conciliar a produção de energia com o objetivo da proteção ambiental.
"O que está em causa, além dos impactos específicos nesta localização, é a estratégia, ou falta dela, em matéria de energia e conservação da natureza." Apesar de a energia fotovoltaica ser uma aposta positiva, é evidente para o ambientalista que, "neste caso, foi cometida uma série de infrações, nomeadamente em gestão da caça". João Joanaz de Melo defende, em declarações à TSF, que "o que aconteceu em Torre Bela [montaria de centenas de animais] não foi um ato de caça, foi um massacre".
O ambientalista vinca ainda que esta situação expõe a existência de conflitos entre a área da energia e a da conservação da natureza. "O simples facto de uma forma de energia ser renovável não significa que seja isenta de impactos. Neste caso, o impacto é "claramente de grande envergadura", argumenta o perito.
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João Joanaz de Melo vê dificuldades no cumprimento dos objetivos internacionais, como os fixados pelo Pacto Ecológico Europeu e na Lei do Clima aprovada na quinta-feira no Parlamento Europeu. "Não estamos no caminho para cumprir esses compromissos", reconhece.
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Contactado pela TSF, o presidente da Câmara Municipal da Azambuja não quis prestar declarações. A TSF também tentou contactar a Agência Portuguesa do Ambiente, mas sem sucesso.