"Imperdoável." Ajuda chegou tarde e turismo rural foi consumido pelas chamas em Odemira
À TSF, Luísa Botelho afirma que 80% do edifício principal está destruído.
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A proprietária de um turismo rural em São Teotónio, no concelho de Odemira, queixa-se de que chamou por ajuda devido ao incêndio que lavra na localidade, mas nenhuma equipa de emergência apareceu no local.
O comandante regional da Proteção Civil do Algarve admitiu esta quarta-feira a possibilidade de terem acontecido situações que não correram bem no combate ao incêndio de Odemira, algo que aconteceu a Luísa Botelho.
"Tenho de dizer que eu não tive apoio. Eu pedi apoio de uma forma sistemática. Eu gritei por ajuda e não a tive. O pedido de ajuda foi às 13h00. Às 15h30 ou 16h00 foi pedido e já estava a arder. E os bombeiros apareceram aqui às 18h30 ou 19h00, porque o meu sócio conseguiu falar com alguém que depois, imagino eu, tenha entrado em contacto com as chefias da Proteção Civil e então aí conseguimos ajuda, porque não tínhamos essa ajuda, não tínhamos. Isto é uma realidade. Não estou a dizer que não estivessem assoberbados de trabalho, não faço ideia. Não é por isso. É incompreensível. Estiveram aqui a salvar um hotel a 500 metros. Como se esqueceram de nós é que é imperdoável", conta à TSF a proprietária do turismo rural.
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Luísa Botelho revela que houve apenas uma entidade que já entrou em contacto por causa do incêndio: "A única entidade que nos contactou até agora foi o Turismo do Alentejo a dar algum apoio moral, porque, na verdade, a entidade que realmente nos pode apoiar e ajudar é o turismo de Portugal e nós estamos à espera que eles nos contactem para ver que tipo de apoios podemos ter. E também da Câmara Municipal, que ainda não falamos com eles, ainda não conseguimos. É um sofrimento absoluto. Há dois dias, há duas noites, nós queremos conseguir a bem que nos apoiem. Longe de nós pensar, neste momento, entrar em guerra seja com quem for. Agora que a situação tem de ser revelada, tem de ser."
O edifício principal do alojamento tem danos muito significativos e, apesar de a luz já ter voltado, ainda não há água, nem comunicações.
"Temos dois edifícios principais onde temos os alojamentos e o que ardeu 80% foi o edifício principal, o maior, o mais carismático, mais emblemático, o nosso ex-libris. Tinha uma arquitetura muito bonita e muito particular. Esse ardeu 80%, pelo menos. E depois temos uns anexos, uns estábulos, a ponte, os depósitos. Não temos infraestrutura. Luz já recuperámos, mas não temos água, não temos comunicações. Tudo isso foi comprometido, tudo. Isso tem custos absurdos", conta Luís Botelho.
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O comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve admitiu esta quarta-feira a hipótese de ter havido situações que não correram bem no combate ao incêndio de Odemira, mas assegurou que tudo será analisado com o fogo extinto.
"Foi-me dada a conhecer essa notícia. Trata-se de uma notícia, não sei em pormenor o que se passou, mas compreenderão que, numa área de interesse como esta, que tinha um perímetro de 50 quilómetros, haverá situações que possam ter corrido menos bem. Havemos de aferir o que se passou e depois vamos ver ou não a veracidade dessas declarações", respondeu o comandante na conferência de imprensa, questionado sobre o turismo rural de Luísa Botelho.