"Impossível fazer um trabalho científico como deve ser." Petição exige soluções à Câmara do Porto
A comunidade académica exige na TSF a reabertura urgente dos serviços da Biblioteca Pública do Porto, fechada há um ano. A petição denuncia prejuízos académicos e a falta de resposta da autarquia, que prometeu soluções temporárias
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Um conjunto de investigadores lançou uma petição para exigir a reabertura urgente dos serviços de leitura pública da Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP).
O serviço está fechado desde julho de 2024 porque a BPMP está em obras. Contudo, antes de o encerrar, a câmara municipal prometeu que seria uma interrupção temporária, com uma duração máxima de quatro meses, e garantiu a retoma parcial do serviço em instalações provisórias.
Os signatários da petição afirmam que ainda esperam por soluções por parte da autarquia. Paulo Vasconcelos, um dos criadores desta petição, fala, na TSF, em enormes prejuízos e entraves para os académicos da região norte.
"Quando queremos documentação de forma abrangente, devido à antiguidade desta biblioteca, só encontramos em Lisboa! Isto significa que temos o constrangimento do custo elevado que significa ir a Lisboa fazer a consulta da documentação, e quem começou um mestrado ou um doutoramento, ou começará nos próximos anos, não terá um suporte de consulta", alerta.
A biblioteca tem cerca de um milhão de documentos. Paulo Vasconcelos sublinha que, neste momento, os investigadores não conseguem aceder sequer a um quinto dos arquivos, "o que é, de facto, muito restritivo, muito limitado". "[A BPMP fechou] há um ano, e prevê-se que estará [fechada] durante o tempo de execução das obras, que o arquiteto indicou como três anos, ou seja, durante três ou quatro anos, é impossível fazer um trabalho científico como deve ser, dado que não é possível consultar", destaca.
O investigador adianta que a petição pede esclarecimentos à câmara municipal. "A biblioteca fechou em julho de 2024, desde lá temos entrado em contacto várias vezes com a câmara municipal, chegamos a ter uma reunião. Foi-nos prometido que em outubro seria reaberta, em dezembro disseram que seria em março, e estamos nesta situação. Agora, há um espaço na antiga escola Ramalho Ortigão com alguns periódicos. Nesse sentido, não foi dada nenhuma resposta que correspondesse com as nossas expectativas", lamenta.
Os signatários pedem também que a reabertura urgente dos serviços de leitura seja discutida na assembleia municipal. "De forma a ter um acompanhamento que não seja o que existe atualmente — que é uma espécie de comissão informal de utentes — e para que se planeie uma data fiável para a leitura pública nos modos que a câmara municipal e os seus serviços competentes se comprometeram", justifica.
Os promotores desta iniciativa são o professor Maciel Santos e o investigador Paulo Vasconcelos, ambos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Paulo Vasconcelos integra o Centro de Investigação Transdisciplinar "Cultura, Espaço e Memória" (CITEM), onde há 155 investigadores integrados e mais de 60 bolseiros de investigação, e reforça que os efeitos deste encerramento estão a ser sentidos pelos colegas.
Em maio do ano passado foi criada uma outra petição, a apelar para soluções ao encerramento da BPMP. Esse documento recolheu mais de 1700 assinaturas em três semanas, mas foi recusada pela assembleia municipal por não ter o número mínimo de subscritores recenseados no concelho.
