Chefe de programação do festiva assinala que o cineasta influenciou "de alguma forma" todos os festivais, realizadores e profissionais da área.
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O Festival Internacional de Cinema DocLisboa, marcado para outubro, será dedicado a Jean-Luc Godard, "cineasta livre e instigante, comprometido e atento", que morreu esta terça-feira aos 91 anos, revelou a direção do festival.
"A 20.ª edição é dedicada a Jean-Luc Godard, cineasta livre e instigante, comprometido e atento. Devemos-lhe o programa que apresentamos e celebramos a sua vida em cada projeção", sustentou o festival, que apresentou hoje a programação completa.
A propósito de Jean-Luc Godard, parte fundamental da 'Nouvelle Vague' francesa, o movimento que revolucionou o cinema a partir dos anos 1950, o DocLisboa conta exibir o documentário "Godard Cinema", de Cyril Leuthy, na secção "Heart Beat".
Em declarações à TSF, a chefe de programação do festival, Joana Sousa, explica que "é impossível um festival de cinema, os realizadores ou qualquer profissional hoje em dia não esteja influenciado, de alguma forma, por Godard".
"É impossível não fazer esta dedicatória, porque todos nós fomos influenciados por ele e ele vai continuar a influenciar muitos cineastas no futuro", assinala.
"Godard Cinema", aponta Joana Sousa, "traça toda a vida e carreira de Godard pelo próprio, com várias entrevistas".
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Dez dias de festival
O DocLisboa decorrerá de 6 a 16 de outubro em várias salas da capital, abrindo com o filme "Terminal Norte", da realizadora argentina Lucrecia Martel, e com uma atuação da cantora Lula Pena, intitulada "Telegrama" e descrita como "um pequeno ato-filme interespécies, projetado e musicado em tempo real".
Este ano, o DocLisboa "volta a promover encontros e diálogos entre as múltiplas vozes que atravessam o festival e apresenta uma programação composta por 281 filmes, com 47 estreias mundiais e 28 estreias internacionais", lê-se na nota de imprensa.
Dos 44 filmes portugueses presentes na edição deste ano, 12 estão na competição portuguesa.
"Ana Vîjdea, César Pedro, Irene M. Borrego, Leonardo Mouramateus, João Rosas, Maria Simões e Tiago Melo Bento, Maxime Martinot, Miguel de Jesus, Mónica de Miranda, Raul Domingues, Rosa Coutinho Cabral e Welket Bungué apresentam propostas que desafiam as nossas construções sobre a realidade, entre espaços, tempos, memórias e afetos", resumiu o festival.
Do realizador ucraniano Sergei Loznitsa estará presente um retrato do antigo presidente lituano Vytautas Landsbergis, no filme "Mr Landsbergis", enquanto de Frederick Wiseman o DocLisboa exibirá "Un Couple", sobre "a relação conturbada de Lev e Sofia Tolstói".
Também na secção "Heart Beat" estão os documentários "O que podem as palavras", de Luísa Sequeira e Luísa Marinho, sobre o livro "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, "A viagem do Rei", de João Pedro Moreira sobre Rui Reininho, ou "Mata-Ratos ao vivo no Octógono - Fundão", de Patrick Mendes.
O realizador e ator francês Mathieu Amalric estará em Lisboa para apresentar uma trilogia sobre o músico John Zorn.
Em estreia no DocLisboa, vai passar ainda o filme "Onde fica esta rua? Ou sem antes nem depois", de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, que remete para "Os Verdes Anos" (1963), de Paulo Rocha.
Da programação fazem parte também "Everything will be ok", de Rithy Panh, sobre democracia e totalitarismo, feito apenas com recursos a pequenas figuras e bonecos, e que foi premiado este ano em Berlim, e "The Fire Within: Requiem for Katia and Maurice Krafft", documentário de Werner Herzog dedicado a um casal de vulcanologistas franceses.
O festival já tinha anunciado anteriormente grande parte da programação, nomeadamente que o encerramento vai ser com "Objetos de Luz", de Acácio de Almeida e Maria Carré.
Este ano, o DocLisboa abre e fecha em simultâneo em Lisboa e no Porto. Em Lisboa, a abertura vai acontecer no Cinema São Jorge, enquanto o encerramento realiza-se na Culturgest. Por seu lado, no Porto, as sessões vão ter lugar no Cinema Trindade.
Num balanço de duas décadas, o festival recorda que já apresentou mais de 3.500 filmes e acolheu mais de meio milhão de espectadores em torno do documentário.
Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, Cinema Ideal e Museu do Aljube são os espaços que vão acolher o DocLisboa.