É o tema de um colóquio que parte do relato pelos jornais de uma Europa que há 100 anos estava mergulhada na guerra, para tentar perceber o que mudou na forma como a informação chega aos leitores.
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Este debate pretende ser uma viagem no tempo, à distância de 100 anos. O Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner tem desde 2008 todo o espólio do jornal "O Comércio do Porto" e a partir de agora é possível, através de uma consulta na internet, escolher uma data e consultar o que nesse dia foi escrito sobre a Grande Guerra.
Nos cem anos da Primeira Guerra Mundial, a ideia é partir dos jornais para discutir a história, explica Teresa Cirne, uma das organizadoras deste colóquio.
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"O Comércio do Porto a partir de 31 de julho de 1914 começa a dar conta das notícias relacionadas com a guerra e o jornal decidi fazer uma organização da informação relacionada com este tema. Tinha um resumo das últimas notícias, lendo apenas um pequeno excerto do jornal tínhamos acesso ao que se passava no mundo", lembra.
Documentos que servem de base ao colóquio "Imprensa Diária e Grande Guerra", esta sexta-feira, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, em Vila Nova de Gaia. Pretexto para o lançamento de um projeto online de partilha de toda a riqueza documental do Comércio do Porto.
"Todas as últimas notícias que eram dadas de forma telegráfica, essa informação foi vertida numa base de dados, digitalizada e transcrita e passa a estar disponível através de um calendário onde qualquer pessoa pode aceder e encontrar a notícia escrita cem anos antes."
Teresa Cirne recorda que nem tudo podia ser dito. "Não podíamos assustar a população, era preciso manter a esperança e uma notícia brusca que evidenciasse algum retrocesso das tropas poderia desencadear alguma ansiedade e ainda mais para o Estado e para o governo, podia abalar a credibilidade destas instituições."
A ideia é transpor a discussão para os dias de hoje. "Continuamos com as mesmas questões: o jornalismo, a imprensa, as notícias, a informação que é veiculada é algo que as pessoas precisam, é um elemento perturbador ou não, depende da perspetiva, mas essencial. Vivemos na sociedade da informação, que ainda não é uma Era do conhecimento, mas aí está um papel que os arquivos, enquanto serviços de informações e de conhecimento têm por obrigação dar."
O Colóquio "Imprensa Diária e Grande Guerra" tem vários painéis sobre temas como: o mercado da imprensa portuguesa no fim do Estado Novo; os jornais do Porto e a construção da identidade editorial; a cobertura iconográfica da Grande Guerra pela imprensa ilustrada e a estrutura gráfica dos três jornais diários do Porto durante o século XX.
O Colóquio começa às 10h00, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, em Vila Nova de Gaia. A entrada é livre.