Incêndio na serra do Alvão dominado, autarca quer saber o que "não correu bem". Fogo de Trancoso não dá tréguas
O Governo decidiu prolongar a situação de alerta até às 23h59 de sexta-feira devido às previsões meteorológicas, que apontam para aumento da temperatura e risco agravado de incêndio rural
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Os incêndios estavam pelas 17h00 a cortar a Estrada Nacional (EN) 323, entre Távora e Granjinha (Viseu), e no distrito da Guarda a EN330, entre Penaverde e Maceira, e EN226, entre Cunha e Rio de Mel, indicou a GNR.
Em comunicado, a GNR adiantou que os cortes destas vias estavam a ocorrer nos dois sentidos da circulação.
Távora pertence ao concelho de Sernancelhe e Granjinha ao município de Tabuaço, no distrito de Viseu, enquanto Penaverde é uma freguesia do concelho de Aguiar da Beira e Maceira fica no município de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda.
As estradas nacionais 323 e 330 já tinham sido cortadas ao início da tarde desta quarta-feira.
A localidade de Rio de Mel está situada no município de Trancoso, no distrito da Guarda.
No concelho de Arganil, o incêndio que começou na Serra do Açor obrigou à deslocação de 55 pessoas de algumas povoações do concelho, que estão agora concentradas na Casa do Povo de Vide.
O incêndio tem neste momento cinco frentes ativas e mobiliza mais de 800 operacionais, adiantou à TSF o autarca Luís Costa. As chamas já passaram para concelhos vizinhos como Oliveira do hospital e Seia.
O presidente da Câmara de Vila Real quer saber o que “não correu bem” no incêndio que se prolongou por 12 dias e entrou esta quarta-feira em resolução, depois de queimar 6.445 hectares na serra do Alvão.
“Deixou-nos muito preocupados alguns daqueles que foram os silêncios que se verificaram e, por isso mesmo, da nossa parte quereremos saber o que é que não correu bem efetivamente aqui em Vila Real para termos um incêndio que esteve 12 dias a lavrar precisamente naquilo que é o nosso coração”, afirmou Alexandre Favaios aos jornalistas.
O fogo deflagrou a 2 de agosto, em Sirarelhos, Vila Real, serpenteou a serrão do Alvão e estendeu-se a Mondim de Basto, esteve em conclusão e sofreu duas reativações, uma no sábado e outra na segunda-feira.
Durante este período, o autarca fez vários apelos a um reforço de meios no terreno e disse também que estava na hora de ouvir a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e o Governo sobre o incêndio que estava consumir o concelho em “lume brando”.
Questionado sobre quem são os responsáveis a quem se dirige, Alexandre Favaios respondeu que “terão que ser os responsáveis máximos”.
O fogo que lavra em Trancoso desde sábado tem, esta noite, uma frente ativa com cerca de seis quilómetros e “muito trabalho” pela frente para os operacionais, de acordo com a Proteção Civil.
“Foi um dia muito difícil, ao fim do qual temos uma frente ativa com cerca de seis quilómetros. Ainda temos muito trabalho pela frente”, disse à agência Lusa o comandante operacional Carlos Silva.
Durante o dia desta quarta-feira as chamas rondaram várias localidades dos concelhos de Trancoso e de Fornos de Algodres, tendo entrado nos municípios vizinhos de Celorico da Beira, durante a tarde, e de Aguiar da Beira (concelhos do distrito da Guarda) ao final do dia.
Segundo o comandante sub-regional do Oeste, que está no comando operacional deste incêndio desde segunda-feira, já arderam 15 mil hectares.
“Ontem [terça-feira], o incêndio estava controlado, com muitos pontos em consolidação, mas as condições meteorológicas durante a noite provocaram inúmeras reativações”, adiantou.
Carlos Silva realçou que o vento aumentou de intensidade e fez várias projeções, “que contribuíram para aumentar a área ardida em cerca de 3.000 hectares”.
O comandante operacional espera uma noite “mais calma”, até porque será “das mais favoráveis até agora em termos de vento, apesar de estarmos a 800 metros de altitude, com ventos característicos de serra”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou esta quarta-feira que a próxima sexta-feira será um dia “muito complicado” em termos de meteorologia para o combate aos incêndios florestais que assolam o país.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que o dia de sexta-feira é o que mais preocupa porque vai haver uma “convergência de condições” meteorológicas e físicas que são favoráveis ao agravamento dos fogos florestais.
Após estas declarações, a Lusa pediu estes ao IPMA sobre o risco de incêndio, que prevê temperaturas bastante elevadas na quinta e sexta-feira, acompanhadas por vento do quadrante Sul, por vezes com muita intensidade, no interior do país.
O incêndio que começou a 2 de agosto, em Sirarelhos, Vila Real, entrou em fase de resolução às 19h48 desta quarta-feira, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
O fogo deflagrou a 2 de agosto, em Sirarelhos, em Vila Real, serpenteou a serra do Alvão, estendeu-se a Mondim de Basto, esteve em conclusão e sofreu duas reativações no sábado e na segunda-feira.
Três bombeiros de Macedo de Cavaleiros ficaram esta quarta-feira feridos num acidente durante o combate a um incêndio que deflagrou neste concelho, confirmou o comandante sub-regional de Trás-os-Montes à Agência Lusa.
Segundo Noel Afonso, os três operacionais seguiam num veículo florestal de combate a incêndio, num caminho rural, e o terreno "cedeu" aquando da sua passagem, acabando a viatura por tombar.
Deslocavam-se para uma estrada, para abastecer o veículo.
O comandante adiantou ainda à Lusa que os bombeiros tiveram ferimentos "ligeiros", nomeadamente "escoriações", e foram transportados para o hospital de Bragança, onde ainda estão a fazer exames.
O incêndio florestal, que começou no sábado, em Trancoso, no distrito da Guarda, consumiu quase 14 mil hectares de área, segundo estimativas divulgadas esta quarta-feira pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
O EFFIS, que se baseia em imagens de satélite do programa Europeu Copernicus, precisa que a área ardida do incêndio que começou em Trancoso e alastrou para os concelhos de Fornos de Algodres, Aguiar da Beira e Celorico da Beira totaliza 13.741 hectares.
Pelo menos 50 pessoas já tiveram de sair de seis aldeias do concelho de Arganil por causa do incêndio que começou de manhã. Esta tarde, o vento mudou e acabou por agravar a situação. Em declarações à TSF, o autarca Luís da Costa explicou que as pessoas estão a sair de forma voluntária.
Mais de 2.150 operacionais combatiam esta quarta-feira pelas 17h00 os seis maiores incêndios ativos em Portugal continental, apoiados por 682 viaturas e 23 meios aéreos, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
De acordo com a informação disponível na página da Internet da ANEPC às 17:00, o fogo que mobilizava mais meios era o que deflagrou esta quarta-feira cerca das 05h00 em Piódão, no concelho de Arganil, distrito de Coimbra, com 640 operacionais, 195 meios terrestres e 10 meios aéreos.
Além deste fogo, a Proteção Civil colocava nas “ocorrências significativas” outros cinco incêndios em curso: Tabuaço (distrito de Viseu), Trancoso (Guarda), Vila Real, Sátão (Viseu) e um no concelho de Viseu.
O trânsito na Estrada Nacional (EN) 330 está cortado nos dois sentidos, entre as localidades de Penaverde e Maceira, no distrito de Guarda, devido à ocorrência de fogos rurais na região, segundo a Guarda Nacional Republicana.
Em comunicado, a GNR dá conta do condicionamento num balanço das 15h00, adiantando que a EN323 continua igualmente cortada (nos dois sentidos), entre as localidades de Távora e Granjinha.
Na nota, a GNR salienta que a proteção de pessoas e bens, no âmbito dos incêndios rurais, continua a assumir-se como "uma das prioridades" da força de segurança militar, sustentada "numa atuação preventiva e num esforço de patrulhamento nas áreas florestais".
A GNR relembra que as queimas e queimadas de amontoados e de fogueiras são das principais causas de incêndios em Portugal e que estas estão interditadas "sempre que se verifique um nível de perigo de incêndio rural 'muito elevado' ou 'máximo', estando dependente de autorização ou de comunicação prévia noutros períodos".
É pedido também à população, na nota, que evite acidentes, siga as regras de segurança, esteja sempre acompanhada e leve consigo o telemóvel.
A GNR apela ao contributo de todos na prevenção e combate aos incêndios, devendo abster-se de praticar atividades consideradas de risco, como a realização de fogo junto a áreas florestais.
Os cidadãos devem seguir as indicações das autoridades que se encontram no terreno e evitar colocar veículos nas vias utilizadas pelas viaturas de socorro, para não prejudicar o acesso aos locais de combate.
A GNR apela ainda que se evitem deslocações para as zonas dos incêndios, se não se estiver envolvido no combate, já que poderá dificultar as atividades de combate.
A população deve comunicar aos militares quaisquer atividades ou ação que possam levar à ocorrência de incêndios e ligar 112 caso presencie o início de um fogo.
O autarca de Arganil desaconselha, "com grande tristeza", deslocamentos turísticos à aldeia histórica de Piódão, numa altura em que mais de trinta pessoas tiveram de ser retiradas das suas casas devido às chamas.
Em declarações à TSF, Luís Paulo Fonseca da Costa adianta que, além das aldeias de Foz d'Égua e Chãs d'Égua — de onde já foram retiradas de casa "cerca de 30 pessoas", que foram encaminhadas para instituição no concelho de Seia —, também Porto Silvado foi evacuada, devido ao fogo que lavra na região.
"Neste momento, as coisas ainda estão um bocadinho descontroladas, por força daquilo que é a ação dos ventos. Estamos numa zona muito acidentada, a orografia não ajuda, os ventos também não e está a ser um exercício complicado para as forças de Proteção Civil e, particularmente, bombeiros", explica.
O incêndio consome uma zona florestal que, por definição, tem "combustível", mas o principal obstáculo ao combate tem sido mesmo o vento.
O autarca apela, por isso, aos turistas que tenham viagem marcada para a região para alterarem os planos.
"A aldeia de Piódão tem uma procura turística muito grande, é uma das duas aldeias histórias de Portugal, mas o acesso turístico, nestes dias, é impensável. As estradas estão cortadas. É com grande tristeza que aconselho quem estava a pensar vir até ao Piodão para desmarcar", pede.
O diretor do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra afirma que 2025 é um "dos piores anos" no que diz respeito ao número de incêndios ativos e condições meteorológicas adversas.
Em declarações à TSF, o diretor do CEIF, Xavier Viegas, considera que ainda é prematuro fazer uma avaliação global, mas admite que 2025 "está a conjugar condições muito más".
A aldeia de Queiriz, no concelho de Fornos de Algodres, está a viver uma "situação complicada" devido ao incêndio rural que lavra desde sábado no concelho vizinho de Trancoso.
"O fogo está junto à povoação e a situação está complicada, com bombeiros e população a fazerem a proteção das casas", disse à agência Lusa Carlos Silva, comandante operacional do Oeste, que está no posto de comando.
Esta frente progrediu com intensidade durante a manhã, vinda de Aldeia Nova, no concelho de Trancoso, tendo passado por localidades como Casal do Monte e Aveleiros.
"Não há registo de casas afetadas, apenas quintais, pastos e um povoamento florestal que ardidos", acrescentou o comandante operacional.
Carlos Silva adiantou que os meios no terreno podem vir a beneficiar da ajuda do vento.
"Houve uma rotação do vento para oeste, o que nos prejudicou no início e pode ajudar agora, se se mantiver neste quadrante, pois poderá levar o incêndio para uma área que já ardeu", explicou o comandante Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Oeste.
O oficial indicou que ainda não houve necessidade de evacuar a população de Queiriz, encontrando-se no local elementos da GNR, INEM e proteção civil municipal de Fornos de Algodres, também no distrito da Guarda.
Quanto ao reforço de meios, Carlos Silva admitiu que neste momento não é possível devido ao número de ocorrências ativas no país.
O incêndio que lavra na freguesia do Piódão, Arganil, obrigou à evacuação de duas aldeias durante a manhã desta quarta-feira, com os "ventos regularmente intensos" a complicarem o combate às chamas.
Em declarações à TSF, o presidente da Câmara Municipal de Arganil adianta que as chamas estão a percorrer a "zona mais montanhosa do concelho", tendo já "várias frentes de fogo bastante descontroladas", devido à intensidade do vento.
O autarca revela que "várias aldeias" estão perto das zonas onde existem frentes ativas, sendo que as aldeias de Foz d'Égua e Chãs d'Égua, na freguesia de Piódão, já foram "evacuadas para evitar um mal maior". A operação foi levada a cabo pela GNR, em articulação com a Proteção Civil.
Os "ventos regularmente intensos" e o cenário antecipado pelo IPMA, que aponta para "algumas mudanças de direção de vento", não deixam esperança de que o dia possa vir a ser "tranquilo".
O comandante sub-regional da Proteção Civil do Oeste avisa as populações de Queiriz e Casal do Monte, em Trancoso, para se prepararem para uma eventual chegada do incêndio que está ativo desde sábado na região.
"Apelo à sensibilidade da população de Queiriz, que é a povoação mais perto, apesar de o incêndio ainda demorar algum tempo a lá chegar. Possivelmente, a próxima povoação será Casal do Monte, mas ainda é muito cedo para essa previsão de tempo de chegada às mesmas", afirma, em declarações à TSF, Carlos Silva.
A GNR de Vila Real adiantou que um homem de 57 anos foi identificado e constituído arguido esta quarta-feira por alegadamente estar a fazer um contrafogo no alto da Samardã, onde lavra um incêndio.
Segundo a fonte, o popular foi conduzido ao posto da GNR de Vila Real para identificação, tendo sido constituído arguido e sujeito a Termo de Identidade e Residência.
O trânsito encontra-se cortado esta quarta-feira de manhã na Estrada Nacional (EN) 323, nos dois sentidos, entre as localidades de Távora e Granjinha, no distrito de Viseu, devido à ocorrência de fogos rurais na região, segundo a Guarda Nacional Republicana.
Em comunicado, a GNR dá conta do condicionamento num balanço das 10h00, no qual este é o único corte indicado.
O trânsito foi reaberto esta quarta-feira, às 08h23, de forma alternada, no Itinerário Complementar 1 (IC1) na zona do incêndio de Ermidas-Sado, no concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, revelou a Proteção Civil.
Fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo Litoral indicou à agência Lusa que a circulação rodoviária, cortada nos dois sentidos desde as 17h00 de terça-feira, foi retomada numa das faixas do IC1.
A câmara de Arganil admite acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil. As chamas, que começaram esta madrugada, estão fora de controlo e o vento forte dificulta o trabalho dos bombeiros. O fogo rondou duas aldeias, mas ainda não foi necessário retirar ninguém de casa. Em declarações à TSF, o presidente da câmara de Arganil, Luís Paulo Costa, conta o que esteve na origem do fogo.
"Tivemos esta madrugada, na zona mais elevada do concelho, nomeadamente na freguesia de Piodão, episódios relativamente severos de trovoadas. Mais ou menos em simultâneo, houve ventos muito intensos e errantes e as coisas estão bastante complicadas do ponto de vista do controlo do fogo, porque há já várias projeções, já está a arder em várias direções. Este incêndio e esta trovoada começou numa das vertentes da encosta junto a uma aldeia, que é a Malhada Chã. A aldeia não esteve em risco, mas ainda assim criou muito sobressalto. Entretanto, também houve projeções e andou mesmo na zona da aldeia do Piódão", explica à TSF Luís Paulo Costa, sublinhando que "provavelmente" vai ser acionado o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.
