Concelho do distrito de Vila Real é o que mais preocupação tem gerado desde domingo em Portugal. Já terão ardido mais de 12 mil hectares de floresta e mato.
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O concelho de Murça acordou mais tranquilo, esta quarta-feira, apesar de o incêndio que consome, maioritariamente, mato e floresta de pinheiro-bravo, continuar ativo e a mobilizar centenas de operacionais e veículos. As populações que viveram aflitas, desde domingo, com medo de que o fogo lhes chegasse à porta de casa já conseguiram dormir mais sossegadas, mesmo que tudo à volta esteja coberto por um enorme manto negro.
Foi o caso de Paulo Teixeira, residente em Vale de Égua, que na segunda-feira foi uma das pessoas retiradas da localidade para o Pavilhão Gimnodesportivo de Murça, apenas por precaução, dado que o incêndio estava próximo. "Hoje [quarta-feira] já conseguimos dormir melhor, foi uma noite mais tranquila, mesmo depois do perigo que corremos", disse, à TSF, esta manhã, quando se preparava para sair para o trabalho.
Paulo Teixeira recorda que "foi um bocado complicado" quando foram aconselhados a saírem de casa, na segunda-feira, porque "as pessoas não sabiam o que ia acontecer e não queriam abandonar o que é delas". No entanto, "graças a Deus está tudo controlado", mesmo que tenha ficado sem alguns pinheiros e castanheiros. Não eram muitos, mas "sempre houve algum prejuízo".
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Para evitar prejuízos no armazém onde guarda o sustento e alguns animais, Iracema Pinto não saiu da aldeia de Serapicos, onde vive com o marido, apesar de aconselhada pelas autoridades. Preferiu ficar porque temeu que ao "desviar-se" da aldeia "o lume pudesse chegar ao armazém" e a família "ficasse sem nada". O fogo ficou do outro lado da estrada.
O agricultor Fernando Moreira, de 80 anos, que vive em Aboleira com a mulher, Maria dos Anjos, também anda a fazer contas à vida. Perto da aldeia perderam quase metade de um souto. "Os castanheiros ainda são novos, mas já produziam bem. Este ano vou ter menos rendimento", lastimou, pousando as mãos nas folhas ressequidas de uma das 14 árvores atingidas pelo calor das chamas que consumiram o pinhal ao lado.
Armando Silva, segundo-comandante regional do Norte da Proteção Civil, disse, esta quarta-feira, num ponto de situação feito às 8.00 horas da manhã, que o incêndio "mantém-se ativo", mas a "evoluir favoravelmente no que diz respeito ao combate".
Armando Silva dividiu o balanço por postos de comando. "Os de Carrazedo de Montenegro (Valpaços) e de Vila Pouca de Aguiar estão em rescaldo e vigilância. O de Murça regista uma frente ativa de 500 a 600 metros". As perspetivas para o dia são positivas.
O autarca de Murça, Mário Artur Lopes, calcula que desde domingo tenham ardido no concelho "cerca de 12 mil hectares de mato e floresta", o que corresponde a "mais de 60% do concelho".