Incêndios: 2025 "conjuga condições muito más" e já é um "dos piores anos", ignições diárias apontam para "mão criminosa"
Em declarações à TSF, Xavier Viegas, especialista em fogos florestais, adianta que os anos considerados "muito maus" do ponto de vista meteorológico são 2005, 2017 (incêndios em Pedrógão Grande) e 2022, sendo que o ano corrente já está "em segundo ou terceiro lugar" na escala
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O diretor do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra afirma que 2025 é um "dos piores anos" no que diz respeito ao número de incêndios ativos e condições meteorológicas adversas.
O Diário de Notícias dá conta esta quarta-feira que, em apenas 15 dias, a área ardida em Portugal duplicou, e este já é o segundo pior ano desde os incêndios de Pedrogão Grande, em 2017.
Em declarações à TSF, o diretor do CEIF, Xavier Viegas, considera que ainda é prematuro fazer uma avaliação global, mas admite que 2025 "está a conjugar condições muito más".
Aquilo que está a caracterizar este ano e aquilo que o está a tornar um dos piores dos últimos 30 anos é que tivemos, por um lado, um período do inverno e primavera muito chuvosos. E, durante esse período, cresceu muita vegetação fina. Entretanto, desde há dois meses, não temos tido chuva por todo o país. Essa vegetação tem vindo a secar e está agora disponível para arder.
Refere, ainda, que os anos considerados "muito maus" do ponto de vista meteorológico são 2005, 2017 e 2022, sendo que o ano corrente já está "em segundo ou terceiro lugar" na escala.
Apesar de os incêndios estarem concentrados nas regiões Norte e Centro, todo o país está em risco, avisa.
O especialista em fogos florestais confessa igualmente acreditar que a maioria dos incêndios tem mão criminosa, já que o "número de ignições diárias não tem sido reduzido", apesar dos vários apelos e alertas deixados por várias entidades, que indicam os comportamentos a seguir para evitar a propagação das chamas.
Continuamos a ter ignições todos os dias e isto é um indicador de que possa ser, de facto, intenção criminosa, porque, com toda esta chamada de atenção, quero crer que a causa de incêndio por descuido ou inadvertência deverá ter reduzido. Portanto, infelizmente, temos de acreditar que poderá ser mesmo mão criminosa a atuar nestes dias e a causar estas situações que estamos a observar.
O Governo decidiu prolongar a situação de alerta até às 23h59 de sexta-feira devido às previsões meteorológicas, que apontam para aumento da temperatura e risco agravado de incêndio rural.
O Ministério da Administração Interna indicou que “todas as medidas de caráter excecional, outrora implementadas, serão mantidas durante este período”.
Como medidas preventivas, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recorda a proibição de queimadas extensivas sem autorização e, em dias de risco de incêndio muito elevado ou máximo, de queimas de amontoados sem autorização ou comunicação prévia.
As autoridades recomendam ainda "especial cuidado na circulação e permanência junto a áreas arborizadas, estando atento para a possibilidade de queda de ramos e árvores, em virtude de vento mais forte".
Nos dias de maior risco de incêndio, é ainda proibido utilizar fogo para a confeção de alimentos em todo o espaço rural, exceto fora das zonas criticas e locais devidamente autorizados, fumigar ou desinfestar em apiários exceto se os fumigadores tiverem dispositivos de retenção de faúlhas, e usar motorroçadoras, corta-matos e destroçadores.
A ANEPC recomenda a "adequação dos comportamentos e atitudes face à situação de perigo de incêndio rural, nomeadamente a adoção das necessárias medidas de prevenção e precaução, de acordo com a legislação em vigor, e tendo especial atenção à evolução do perigo de incêndio neste período".