"Incompreensível." Médico garante que Ordem foi ouvida em nova orientação sobre partos
Diogo Ayres Campos contraria a Ordem dos Médicos e defende que a DGS deve avançar com a orientação que deixa os partos de baixo risco ao cuidado de enfermeiros especialistas.
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Diogo Ayres Campos, coordenador da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos, garante que houve consenso na decisão de entregar a realização dos partos normais considerados de baixo risco aos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica.
Em declarações à TSF, o médico não vê razões para revogar a orientação da Direção-Geral de Saúde (DGS) sobre partos, como exige a Ordem dos Médicos.
A Ordem que esta orientação que não reflete as propostas que apresentou e afirma que a versão final não lhe foi enviada, mas Ayres Campos recusa este argumento e garante que os médicos acompanharam todo o processo até à decisão final.
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"A Ordem dos Médicos esteve envolvida desde o início. Foram discutidos ponto a ponto e acordados todos os pontos que estão no documento. O documento foi discutido ao longo de dois ou três meses", assegura o médico. "Foi muito claro qual era a última reunião em que se iria aprovar o documento, de maneira que estranho a reação da Ordem dos Médicos."
"O documento foi feito num ficheiro partilhado. Todos tinham acesso ao documento e à medida que se ia atingindo o consenso em cada ponto ficava disponível sempre a última versão para todos os intervenientes", explica.
Para o coordenador da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos, é essencial que a medida seja implementada, até porque já é uma realidade em muitos hospitais por falta de médicos.
"A nível dos hospitais nacionais esta orientação, no fundo, é algo que já está a ser implementado em grande parte do país. É algo que está implementado em toda a Europa, traz as melhores práticas na assistência ao trabalho de parto", defende.
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A Ordem dos Médicos anunciou este sábado que vai requerer "a revogação imediata" da orientação da DGS sobre partos "em prol de um processo que seja discutido, inclusivo e transparente, e que garanta a melhor qualidade dos cuidados de saúde às mães e às crianças".
Em comunicado enviado às redações, a Ordem dos Médicos alega que, embora tenha aceitado "participar ativamente na Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Blocos de Parto com a apresentação de propostas", as opiniões técnicas dos médicos seus representantes não foram consideradas e não constam do documento publicado.
A Ordem acusa ainda a comissão de não ter facultado aos seus representantes a versão final do relatório", o que classificou como "um desrespeito institucional" e uma "atuação não-cooperante".
A nova orientação da DGS prevê que o internamento hospitalar, nas situações de baixo risco, "pode ser realizado por um médico de obstetrícia e ginecologia ou por um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EEESMO)".
"Nos partos eutócicos (sem recurso a qualquer tipo de instrumento), o responsável pelo parto será preferencialmente um EEESMO, enquanto nos partos vaginais instrumentados será sempre um médico de obstetrícia e ginecologia", indica o documento da DGS.