"Incremento importante." Contrato para infraestruturas primárias da Barragem do Pisão assinado esta quinta-feira
Em declarações à TSF, o presidente da Câmara Municipal do Crato destaca que o projeto vai ajudar ao investimento na agricultura, na pecuária e na transformação de produtos, "trazendo a produção para mais próximo dos consumidores"
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O contrato para a construção das infraestruturas primárias da Barragem do Pisão, no Crato, distrito de Portalegre, vai ser assinado esta quinta-feira, prevendo um investimento a rondar os 65 milhões de euros, segundo os promotores do projeto.
A construção das infraestruturas primárias do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato (EAHFMC), também conhecido por Barragem do Pisão, foi atribuído a um consórcio ibérico - 'Agrupamento FCC Construcción e Alberto Couto Alves' - pelo valor de 64,99 milhões de euros, segundo a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA).
Em declarações à TSF, o presidente da Câmara Municipal do Crato, Joaquim Diogo, defende que o projeto é muito importante para a região. "Aquilo que se espera é que seja um incremento importante na área da agricultura e do abastecimento público às populações. Nos últimos anos, até temos tido alguma estabilidade, mas já tivemos momentos de muita instabilidade de fornecimento de água às populações e, portanto, esta barragem assume um compromisso muito grande de equilíbrio naquilo que é o fornecimento de água às populações", explica à TSF Joaquim Diogo, referindo ainda o "impulso de regadio a esta região do Alto Alentejo".
O autarca destaca o investimento na agricultura, na pecuária e na transformação de produtos, "trazendo a produção para mais próximo dos consumidores".
"Esta barragem vai ter também uma vertente extraordinariamente importante de produção de energia, que vai ser um projeto muito importante para a região nesse aspeto, no compromisso que temos de descarbonizar aquilo que é a geração de energias limpas num projeto fotovoltaico de mais de 138 megawatts de potência", sublinha.
A construção da barragem vai deixar submersa a aldeia do Pisão que, atualmente, tem cerca de 70 moradores e 110 casas. Joaquim Diogo adianta que está ainda a ser elaborado o projeto para a construção da nova aldeia. Questionado sobre a reação das pessoas à mudança, o autarca não destacou grandes problemas.
"A população tem um contexto de muitos anos de ouvir falar desta barragem e, portanto, desse ponto de vista, ajudou. Claro que com o decorrer do tempo vão surgir coisas que vamos ter de ter a capacidade de, em conjunto com as populações, chegar a um bom entendimento", acrescenta.
Em comunicado, a CIMAA sublinha que este projeto "é o mais avultado" investimento inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com uma dotação de "aproximadamente 141 milhões de euros" e "mais 10 milhões de euros" previstos no Orçamento do Estado.
"A sua concretização permitirá garantir de forma sustentada o abastecimento público de água, o estabelecimento de novas áreas de regadio e a produção de energia a partir de fontes renováveis, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento económico da região" e, neste contexto, tendo "um profundo impacto positivo na qualidade de vida da população", lê-se no comunicado.
O EAHFM do Crato vai inundar uma área de 726 hectares e contará com uma altura máxima de 54 metros, tendo uma capacidade de armazenamento da albufeira de 118,2 hectómetros cúbicos. A albufeira vai surgir numa área de 10.000 hectares, ficando submersa a aldeia de Pisão, que atualmente conta com cerca de 70 moradores e 110 casas.
A rede de rega vai abranger 5494 hectares, distribuídos por três blocos de rega: Crato (654 hectares), Alter do Chão (3.145 hectares) e Fronteira e Avis (1.695 hectares).
O projeto prevê ainda uma central fotovoltaica terrestre e uma central fotovoltaica flutuante, que deverão envolver um investimento total superior a 132 milhões de euros, verba que não está inscrita no PRR.
