Indisciplina, papel do diretor de turma e desburocratização: movimento envia carta ao ministro da Educação para propor medidas urgentes
Em declarações à TSF, Alberto Veronesi, membro do Movimento de Professores e Educadores Sociais-Democratas, prefere acreditar que Fernando Alexandre pode avançar com reformas no setor da educação, mas alerta que "não há muito mais tempo"
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O Movimento de Professores e Educadores Sociais-Democratas escreveu uma carta ao ministro da Educação, para pedir e propor medidas urgentes no sector.
Entre as principais queixas, os docentes alegam que a indisciplina na escola está a aumentar, a par de um descrédito do ensino, com os diretores de turma inoperantes. Em declarações à TSF, Alberto Veronesi, membro do movimento, aponta várias prioridades, a começar pela desburocratização.
"A missão de professor está há muito tempo a tornar-se numa missão muito burocrática, deixando muito pouco tempo para aquilo que é a nossa tarefa primordial, que é ensinar", explica.
O diretor escolar e professor do 1.º Ciclo apela, por isso, para uma "revisão do papel" do diretor de turma e para uma redução "drástica" dos níveis de indisciplina.
"Há estudos da OCDE que apontam Portugal como um dos países onde os professores mais tempo perdem em sala de aula a manter a disciplina, seja a pequena ou a indisciplina grave e isto não pode continuar assim", sublinha.
Os professores e educadores sociais-democratas querem acreditar que o ministro Fernando Alexandre pode avançar com as reformas na educação, mas Alberto Veronesi avisa que o tempo está a contar.
"Não há muito mais tempo. Esta trapalhada das provas digitais do 9.º ano — apesar de sabermos que a responsabilidade efetiva pode ter sido do IAVE, a responsabilidade máxima e última é sempre do superior da hierarquia, neste caso o ministro", aponta.
Os resultados das provas nacionais do ensino básico de Matemática e Português foram divulgados na quarta-feira, um dia depois da data estipulada devido a “dificuldades técnicas” na correção. Nesse mesmo dia, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação anunciou que ia avançar com uma averiguação às falhas procedimentais que resultaram no atraso na divulgação dos resultados.
Sobre a recuperação integral do tempo de serviço, Alberto Veronesi confessa ter dúvidas de que este "estado de graça dure muito mais tempo": "Eu diria meio ano para começarmos a ver efetividade nas políticas educativas."