INEM quer contratar "mais 200" técnicos de emergência pré-hospitalar até ao final do ano
Sobre as mortes que têm ocorrido devido aos atrasos na linha 112, o instituto assegura que "assume toda a responsabilidade em termos daquilo que é o cumprimento da sua missão"
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O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Sérgio Janeiro, avançou esta quarta-feira que quer contratar "mais 200 técnicos" até ao final do ano, lamentando as mortes que têm ocorrido devido aos atrasos na linha 112.
Em declarações aos jornalistas, Sérgio Janeiro adianta que vai concentrar a atividade dos técnicos de emergência pré-hospitalar no Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e nos meios de emergência, em detrimento de outras atividades não prioritárias.
"O nosso principal objetivo é otimizar o sistema de triagem do CODU. O foco principal é dotar o CODU com os recursos humanos necessários e suficientes", afirma, acrescentando que, para que isso seja "possível", prevê recrutar, até ao final do ano, "mais 200 técnicos de emergência pré-hospitalar".
Já para 2025, o líder do INEM conta ter uma "bolsa de recrutamento", que permita abrir um "novo concurso para entrarem mais 200 técnicos".
"No espaço de um ano e alguns meses, já a contar com a formação que depois é necessário ministrar a estes profissionais, conseguirmos ter um aumento de 400 técnicos, o que representa um aumento de cerca de 50% relativamente ao efetivo atual", resume.
Sérgio Janeiro lamenta igualmente as mortes que têm ocorrido devido aos atrasos na linha 112.
"Estas situações que resultam em mortes são de lamentar e não posso deixar de expressar as condolências à família e amigos das vítimas", diz, completando que o instituto "assume toda a responsabilidade em termos daquilo que é o cumprimento da sua missão".
Os técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) estão em greve às horas extraordinárias, desde quarta-feira, para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.
"O dia de segunda-feira, em que em simultâneo tivemos a greve ao trabalho suplementar dos técnicos de emergência pré-hospitalar e a greve geral da função pública, tivemos no período da manhã um atraso muito significativo. E nesse período, houve situações em que o socorro ocorreu com atraso", aponta.
Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.
Depois de o STEPH ter denunciado no fim de semana dois óbitos por atrasos no atendimento na linha de emergência - que levou o Governo a anunciar uma auditoria ao INEM -, esta quarta-feira o jornal Público dá conta de mais um caso, em que não foi atendido o pedido de socorro de uma idosa que se sentiu mal no Tribunal de Almada e foi transportada pela PSP para o Hospital Garcia de Orta, onde acabou por morrer.