INEM. "Se mortes tiverem nexo de causalidade com negligência do Ministério da Saúde, tem de haver consequências políticas"
A situação "de gravidade extrema" no INEM subiu a debate n'O Princípio da Incerteza. Alexandra Leitão considera que, se a ministra da Saúde não deixar o cargo, a responsabilidade transita para Luís Montenegro. Pacheco Pereira também atribui culpas à ministra e Miguel Macedo aponta o dedo ao presidente do instituto
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A líder parlamentar do PS considera que Ana Paula Martins não diz a verdade e entrou no Ministério "a matar", pelo que, dependendo das conclusões dos inquéritos relativamente às mortes por alegadas falhas no INEM, terá de sair do cargo. No programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, Alexandra Leitão afirma que, se a ministra da Saúde não deixar o cargo, a responsabilidade transita para o primeiro-ministro.
"Esta é a mesma ministra que, nas primeiras vezes que foi à Assembleia, disse que os conselhos de administração eram maus, que os trabalhadores eram maus, que os dirigentes eram maus. É toda a gente má, menos a própria senhora ministra. A situação do INEM é de uma gravidade extrema e foi extremamente mal gerida. Houve inverdades contadas ao povo português e estas mortes têm de se apurar. Se estas mortes tiverem um nexo de causalidade com a negligência do Ministério da Saúde, tem de haver consequências políticas, porque se o senhor primeiro-ministro não tomar essas consequências políticas, é ele próprio que terá de as assumir", referiu Alexandra Leitão.
Pacheco Pereira também atribuiu culpas à ministra Ana Paula Martins. "Há dois aspetos que se viam logo desde o início: as promessas datadas, nenhuma das quais cumprida, como é óbvio, e o estilo agressivo de insultar todos e meter-se com todos também deu torto. Em relação aos problemas do INEM, qualquer análise estrutural que vá mais longe apanha o Partido Socialista também. No caso concreto da condução da greve, a responsabilidade é da ministra. Se se verificar que há uma causalidade entre as mortes e o que aconteceu no INEM, a ministra deve-se demitir", sublinhou.
Já o antigo ministro social-democrata Miguel Macedo indica que o que aconteceu "é grave", mas apontou o dedo ao presidente do instituto. "Aquilo que se passou com o INEM é grave. Tem dois pré-avisos de greve, não faz aquilo que qualquer serviço tem de fazer, que é adequar as escalas e garantir que os serviços mínimos são efetivos para aquele período. Não concordando com eles, pedir a alteração dos serviços mínimos, convocando a comissão paritária que, em regra, faz esse tipo de ajustes ou, no limite, fazer a requisição civil daqueles que fossem necessários para acorrer uma situação destas", acrescenta.
O Ministério Público (MP) abriu sete inquéritos às mortes possivelmente relacionadas com falhas no socorro do INEM.
Além dos inquéritos abertos pelo MP, as falhas no socorro por parte INEM, designadamente atrasos no atendimento de chamadas, motivaram igualmente a abertura de um inquérito pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
A demora na resposta às chamadas de emergência agravou-se durante a greve de uma semana às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), que no dia 4 de novembro coincidiu com a greve da função pública.
A greve dos TEPH acabou por ser suspensa após a assinatura de um protocolo negocial entre o Governo e o sindicato do setor.
