Infeciologista defende programa para estudar impacto da Covid longa na população
Na próxima semana vão estar reunidos em Lisboa especialistas e investigadores numa conferência que tem como objetivo estudar e alertar para a relação que a Covid longa tem com outras doenças.
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O infeciologista e diretor do serviço de doenças infeciosas do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltez, defende que fazia sentido um programa para estudar o impacto da Covid longa na população, sublinhando que a dificuldade é diagnosticar esta condição.
"Poderá haver muito interesse na criação de um grupo ou de grupos multidisciplinares que até pudessem estar interligados, em conexão permanente, de modo a recolher dados, juntar dados, tentar perceber melhor o que é que se está a passar com esta long Covid, qual é a história natural completa desta doença, que percentagem efetiva de doentes e que podem vir a desenvolver isto. Parece que, de uma forma maior, de uma forma mais rápida ou mais lenta, todos os doentes no futuro virão a ver-se livres disto. Contudo há estudos que dizem que não. Subsiste a possibilidade de haver uma percentagem mínima de indivíduos que vão ficar permanentemente com as sequelas da infeção", explicou à TSF Fernando Maltez.
Na próxima semana vão estar reunidos em Lisboa especialistas e investigadores numa conferência que tem como objetivo estudar e alertar para a relação que a Covid longa tem com outras doenças, como a fadiga crónica. Fernando Maltez explica o que este encontro pode trazer de novo.
"A melhor forma de acompanhamento destes doentes e a melhor forma de tratamento destes doentes. Tentar perceber um bocadinho melhor o que está na génese desta síndrome, deste quadro clínico, que percentagem de doentes poderá ser envolvida por esta complicação da Covid, otimizar a terapêutica e a prevenção. Há um conjunto de aspetos ainda muito nebulosos relativamente a esta entidade. O que sabemos é que há uma infeção aguda por Covid e que há uma proporção significativa de doentes quer internados quer não internados que persistem com os sintomas e apresentam persistente disfunção de um ou mais órgãos. Parece ser uma doença debilitante, multi órgãos, provavelmente crónica e sem grande relação com a gravidade da infeção aguda. Portanto, o que se procura aqui é a melhor maneira de manusear esta doença. Evitá-la, acompanhá-la, tratá-la e preveni-la", acrescentou o infeciologista.
A conferência internacional decorre nos dias 3 e 4 de abril na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
