Em declarações à TSF, o ex-ministro das Finanças, Jorge Braga de Macedo, recorda que, durante o seu mandato, o objetivo "era passar dos dois dígitos para um", mas, agora, a "questão é evitar que se pense" que os números dos anos 70, 80 e 90 vão voltar.
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Jorge Braga de Macedo era o ministro das Finanças quando, em 1992, a inflação passou os dois dígitos (10,2%), tal como foi registado esta sexta-feira, em Portugal. Em declarações à TSF, o membro do XII Governo Constitucional diz encontrar semelhanças entre as duas realidades, ou seja, entre há 30 anos e a atualidade, mas com uma diferença de fundo.
Durante o seu mandato, "era uma inflação a dois dígitos, como é agora, mas era das inflações mais baixas que tinha ocorrido no passado", recorda, acrescentando que o objetivo "era passar dos dois dígitos para um". Neste momento, o antigo elemento do executivo liderado por Aníbal Cavaco Silva, a "questão é evitar que se pense" que os números dos anos 70, 80 e 90 vão voltar.
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O grande paralelo, na opinião de Braga de Macedo, "é o facto de os parceiros sociais estarem comprometidos com o objetivo de inflação", mas, enquanto em 1992, "era o objetivo dos 8%", agora "ainda não se sabe o que vem daí".
Questionado sobre possíveis conselhos a Fernando Medina, o atual ministro das Finanças, o economista defende que, quando se esteve no cargo, "não se dá conselhos nem aos anteriores, nem aos que vieram a seguir". No entanto, afirma que "todos temos consciência que, quem esteve nesse lugar, da dificuldade que é o facto de todos os colegas estarem sempre contra nós, quando não é o próprio primeiro-ministro" e, portanto, "não se dá conselhos".
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A inflação bateu um recorde de 30 anos e atingiu, esta sexta-feira, os dois dígitos. A taxa de inflação em Portugal chegou aos 10,2 por cento, segundo a estimativa rápida de outubro divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta taxa é superior em 0,9 pontos percentuais à observada no mês de setembro.
Por outro lado, o indicador de inflação subjacente (que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 7,1%, a taxa mais elevada desde janeiro de 1994.
Estima-se que a taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos terá aumentado para 27,6% (uma taxa superior em 5,4 pontos percentuais face ao mês de setembro).