Inflação? Governo "já gastou tanto" como na pandemia, mas vai "encarar incerteza menos condicionado"
O primeiro-ministro lembra que o défice vai ficar abaixo do previsto, já que as previsões "são sempre surpreendidas pela realidade".
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António Costa garante que há folga orçamental para responder à incerteza com a guerra e lembra que o défice vai ficar abaixo do previsto, apesar das medidas extraordinárias para acautelar o aumento dos preços.
No jantar de natal do grupo parlamentar do PS, que contou ainda com o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o primeiro-ministro revelou que, só em 2022, o Governo teve de despender tanto dinheiro como durante a pandemia.
"Este ano, em medidas extraordinárias, já gastamos tanto como as medidas extraordinárias como tivemos de gastar para fazer face à Covid", disse.
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Ainda assim, o défice vai ficar nos 1,5 por cento, abaixo da previsão de 1,9 por cento do Governo, que a oposição considerou "demasiado otimista". António Costa sublinha que, em todos os anos de governação, "as previsões são surpreendidas pela realidade".
"Como demonstramos em 2016, 2017, 2018 e por aí fora, as nossas previsões, mesmo quando acham que são otimistas, são surpreendidas pela realidade que é sempre melhor", acrescentou.
A guerra mantém o cenário incerto, com a escalada dos preços, mas António Costa garante folga orçamental para responder aos problemas, tal como aconteceu durante a pandemia.
"Vamos poder encarar a incerteza do próximo ano, menos condicionamos do que estaríamos se este não tivéssemos controlado o défice ou se a dívida tivesse continua a aumentar", afirmou.
Antes do primeiro-ministro, falou Augusto Santos Silva que, em resposta à oposição que pede "reformas estruturais", deixou um pedido aos portugueses para não "se deixarem encantar pela litania das reformas".
"Pensem antes na mudança estrutural que o país tem. Algumas vezes somos nós que temos que acompanhar a transformação do país, designadamente na agenda dos costumes e em outras áreas essenciais que têm a ver com os Direitos Humanos e em que a sociedade portuguesa mudou e está a mudar e em que a legislação tem que acompanhar essa mudança, não travá-la com preconceitos de natureza moral ou ideológica", considerou.
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E, para a mudança, a maioria absoluta do PS tem o papel principal, embora os socialistas sublinhem a necessidade de diálogo com os restantes partidos, como destacou o líder parlamentar Eurico Brilhante Dias.
"Temos uma marca genética de reconciliar os portugueses com a maioria absoluta. Marca genética que foi impressa pelo secretário-geral na noite eleitoral de 30 de janeiro. Nós provámos em dois orçamentos do estado o que era possível fazer", disse.
Eurico Brilhante Dias acrescenta que o PS aprovou 144 propostas da oposição nos orçamentos do estado da maioria absoluta, o que mostra um "esforço contínuo" para dialogar e para "aumentar a base de apoio" ao Governo.