Uma base de dados disponibilizada pelo Ministério da Educação revelas as escolas que dão notas boas demais aos alunos, mas também as que exigem demais aos alunos. Os números revelam ainda que apenas cinco escolas conseguiram, em quatro anos consecutivos, que os alunos melhorassem as notas entre o 9º e o 12º ano.
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É, até agora, a ferramenta de análise mais exaustiva sobre a qualidade das notas dadas aos alunos do secundário durante o ano, e a respetiva comparação com os exames finais.
O portal Infoescolas está disponivel na internet, desde este sábado.
Uma das primeiras conclusões da análise de 575 escolas, públicas e privadas, é que há, de facto, escolas cujos alunos têm notas mais altas ao longo do ano, que as alcançadas exames nacionais.
Idealmente, as escolas deveriam ter critérios de avaliação semelhantes e o Ministério da Educação e Ciência (MEC) criou um critério para tentar comparar esses critérios.
Assim, foram comparadas as notas internas atribuídas pelas escolas aos seus alunos com as notas internas atribuídas pelas outras escolas do país a alunos com resultados semelhantes nos exames nacionais.
Os resultados, que analisam quatro anos, apontam para onze escolas que sistematicamente dão notas mais baixas aos seus alunos e outras dezoito que estão a fazer o oposto, ou seja, fazem a chamada inflação das notas.
Catorze são escolas privadas. A saber, os colégios D. Diogo de Sousa, João Paulo II, Sezim - Egas Moniz, Novo da Maia, D. Duarte, Luso Francês, da Trofa, do Minho e de Lamego, os externatos Carvalho Araújo, Camões, Liceal Paulo VI, Ellen Key, e Ribadouro.
As restantes 4 são públicas: a Escola Secundária Júlio Dinis, em Ovar, a Escola Secundária de Fafe, Escola Secundária João de Deus, em Faro, e Escola Secundária D. Afonso Sanches, em Vila do Conde.
Reagindo a esta notícia, um dirigente da associação nacional de diretores de agrupamentos e escolas públicas diz que só uma alteração de regras, poderá mudar a forma com as escolas gerem as notas no ensino secundário. A alteração que pede Jorge Ferreira tem a ver com o peso das notas na candidatura ao superior já que os atuais "mecanismos já se esgotaram no tempo". O dirigente da associação nacional de diretores de agrupamentos e escolas públicas fala em "lóbis" que não estão interessados em mudar as regras do jogo.
Mas se há escolas que inflacionam, também acontece o inverso. Ou seja, escolas que ao longo do ano, são mais exigentes que a média nacional e que, em comparação com resto dos estudantes, depois vêem os seus alunos subirem as notas nos exames.
São 11 as escolas detetadas neste tipo de divergência e aqui, as públicas ganham às privadas.
As mais exigentes entre as públicas são a Secundária José Estevão, em Aveiro, a Básica e Secundária da Batalha, a Secundária Damião de Goes, em Alenquer, a Escola Secundária de São João do Estoril, em Cascais,a Secundária do Restelo, em Lisboa, a Secundária D. Pedro V, em Lisboa e a Secundária Dr.ª Felismina Alcântara, em Mangualde.
As privadas, são os colégios Rainha D. Leonor, o Dr. Luís Pereira da Costa, e o Santo André, e a Escola Técnica e Liceal Salesiana de Stº António.
Há ainda outra conclusão que pode ser retirada dos dados publicados pelo Ministério da Educação.
São apenas cinco as escolas (três públicas e duas privadas), que conseguiram durante quatro anos consecutivos que os seus alunos melhorassem os resultados relativamente às médias nacionais, comparando as notas nos exames do 12.º ano com as obtidas no 9.º.
Um dos indicadores disponibilizados pelo infoescolas compara as notas que os alunos obtiveram no nos exames nacionais de Português e Matemática do 9.º ano com as notas obtidas pelo mesmo aluno nos exames nacionais do 12º ano nessas duas disciplinas.
Assim, num universo de 575 estabelecimentos de ensino, foram cinco os que conseguiram que os estudantes tivessem sempre uma progressão superior à média nacional nass duas disciplinas entre 2010/2011 e 2013/2014.
Curiosamente, umas das escolas que foi analisada é precisamente uma das que aparece referida no grupo das notas inflacionadas. Trata-se do Colégio da Trofa. A outra escola privada é o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto.
No ensino público, as três escolas são a Básica e Secundária de Búzio, Vale de Cambra, a Secundária de Póvoa de Lanhoso e a Básica e Secundária de Ponte da Barca.