Início da Covid foi há cinco anos na China. Graça Freitas destaca "sistema mais robusto", medidas de "proteção" e vacinas
Em entrevista à TSF, a antiga diretora-geral da Saúde recorda a estratégia que foi seguida e que ainda existe para enfrentar este tipo de problema de saúde pública e sublinha a importância dos hábitos que as pessoas ganharam e que passaram a fazer parte do dia a dia
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Os dias negros da pandemia de Covid-19 passaram, mas muito do que foi feito para combater a doença ainda permanece. A convicção é de Graça Freitas, antiga diretora-geral da Saúde. Em entrevista à TSF, no dia em que passam cinco anos desde que a China reportou à Organização Mundial de Saúde os primeiros casos detetados em Wuhan, na China, Graça Freitas recorda a estratégia que na altura foi seguida e que ainda existe para enfrentar este tipo de problema de saúde pública.
"Há uma tríade muito importante em saúde pública, que se chama identificação e avaliação do risco, portanto, montar um sistema de informação para saber o diagnóstico. Depois, outro pilar desta tríade que se chama gestão do risco, as medidas que se tomam para minimizar o impacto desse risco na saúde humana, e depois a comunicação. É à volta disto que montámos, em Portugal e no mundo, de modo geral, todo o esquema para encarar este vírus", explica à TSF Graça Freitas.
A ex-diretora-geral da Saúde considera que "ficaram muitas coisas" da pandemia: "Ficou um sistema de informação mais robusto, mais bem pensado e com mais capacidade de responder aos desafios e implementaram-se muitas medidas de proteção, medidas consideradas de etiqueta respiratória, por exemplo, a vacinação e melhorou-se a comunicação", afirma.
Graça Freitas nota ainda que não foi apenas na metodologia e na estratégia que a Covid-19 forçou a uma aprendizagem à pressão: as pessoas ganharam hábitos que passaram a fazer parte do dia a dia.
"Mantiveram-se muitos hábitos de etiqueta respiratória, há mais cuidado agora. Nós não estamos tão juntos, por exemplo, numa fila para pagar numa caixa de supermercado. Estamos juntos, mas não tão juntos. Temos algum cuidado, algumas pessoas usam máscaras, as pessoas têm algum cuidado quando estão constipadas, a entrar no elevador a espirrar, por exemplo, portanto, há mais cuidados. As pessoas perceberam que era importante minimizar o risco. Depois, as pessoas vacinam-se, eu gostava que se vacinassem mais contra o vírus da Covid, mas, apesar de tudo, os grupos de risco vacinam-se", nota.
Foi no último dia de 2019, há exatamente cinco anos, que a Organização Mundial de Saúde lançou um alerta mundial a anunciar que tinham sido detetados pelo menos vinte casos de uma pneumonia de origem desconhecida na cidade chinesa de Wuhan. Era o início da pandemia de Covid-19.