Inquérito: Portugueses orgulhosos, mas críticos do funcionamento da democracia
Num inquérito realizado pelo centro de sondagens da Universidade Católica 84 por cento dos inquiridos citaram a revolução de abril quase a completar 40 anos como fator de união dos portugueses.
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De acordo com o estudo de opinião "Percepções sobre a União dos Portugueses", realizado pela CESOP / Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica e pela Ipsos Apeme, para a Câmara de Comércio, os portugueses assumem-se muito ligados a Portugal.
Segundo este estudo, mais de 80 por cento dizem estar orgulhosos, cerca de 60 por cento com o passado, embora digam se críticos do sistema político e económico.
Os mais de mil portugueses que responderam ao inquérito transmitem a imagem de um país ainda preso aos símbolos de sempre: a bandeira, Fátima, a gastronomia, o fado e o sol.
Já entre os acontecimentos históricos vistos como fator de união: o 25 de abril reúne 84 por cento, seguido pelos descobrimentos e pela libertação de Timor Leste.
Curioso é que o Estado Novo é também referido por metade dos inquiridos e a intervenção da troika recolhe 33 por cento das respostas, sobre a memória coletiva como fator de união.
Perante a questão «sente-se orgulhoso de ser português, neste momento?», 60 por cento dizem-se «muito orgulhosos», essencialmente por causa da história, das artes, da literatura, dos feitos científicos e desportivos e também as forças armadas.
Já entre os menos citados estão o modo como funciona a democracia e os feitos económicos, sendo que a hipótese de ter lideres reconhecidos lá fora, surge cá nos últimos lugares da lista entre as características que mais unem os portugueses, ao passo que no topo, estão a solidariedade, os laços familiares e a língua.
Entre os acontecimentos considerados importantes "ir a uma manifestação" recolhe cerca de 30 por cento das respostas, acima de uma "ida ao futebol", mas abaixo da participação numa "cerimónia religiosa", numa festa no local de nascimento, e um "grande concerto".
Os inquiridos não parecem ver exemplos recentes de capacidade de organização nacional. Os casos citados são a Expo 98 e o Euro 2004.
O estudo de opinião "Percepções sobre a União dos Portugueses" foi realizado pela Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica e pela Ipsos Apeme para a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e teve como universo a população portuguesa residente em Portugal Continental.
A amostra consiste em 1142 inquéritos válidos, realizados entre 15 e 17 de fevereiro. O erro da amostra é de cerca de 2,9 por cento com um grau de confiança de 95 por cento.