Diogo Gaspar Ferreira explicou que, em 2010, já não havia dinheiro para pagar salários ou impostos.
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O ex-presidente da sociedade gestora do 'resort' de Vale do Lobo, Diogo Gaspar Ferreira, disse hoje no parlamento que pôs "todo o dinheiro que tinha e não tinha" no projeto.
"Todo o dinheiro que tinha e que não tinha pus em Vale do Lobo. Não estou a tentar ser vítima de rigorosamente nada, atenção. Achei que era um grande negócio, achei que o devia fazer", afirmou Diogo Gaspar Ferreira na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na Assembleia da República, em Lisboa.
A revelação foi feita na sequência de uma troca de ideias com a deputada do BE Mariana Mortágua, em que o gestor assumiu que é normal dar avales pessoais superiores ao dinheiro que se tem.
"A senhora deputada pode dar os avales que quiser sem ter dinheiro ou não sabe disso?", afirmou Diogo Gaspar Ferreira, ao que a parlamentar do BE respondeu: "Eu posso tentar, duvido é que me aceitem".
"Então vá para uma empresa, peça empréstimo e veja o que é que lhe acontece", retorquiu o gestor.
"Trabalhei durante 20 anos, ganhei bem, consegui poupar alguma coisa e pus tudo em Vale do Lobo. Chegou a 2010 e não tínhamos dinheiro para pagar salários ou para pagar impostos. E a Caixa disse 'eu empresto-vos dinheiro na condição de darem aval pessoal'", acrescentou Diogo Gaspar Ferreira.
O gestor contou então que "o montante que foi pedido na altura foi de 10 ou 13 milhões de euros" e que os gestores da sociedade deram o aval.
"Perguntar-me-á se eu tinha 10 ou 13 milhões de euros? Não tinha", assumiu.
Diogo Gaspar Ferreira explicou que "é uma forma da banca pressionar investidores para saberem que, mesmo que não tenham [dinheiro], não vão largar a perna e vão ter de resolver o problema satisfatoriamente".
"É assim que a banca faz", justificou.