Inquirição a Nuno Vasconcellos durou menos de uma hora. Deputados acusados de perseguição
A audição de Nuno Vasconcellos, antigo presidente da Ongoing, na Comissão Parlamentar de Inquérito às perdas do Novo Banco, terminou em menos de uma hora. Sem abandonar um discurso de defesa da sua imagem, Nuno Vasconcellos fugia a dar respostas diretas às perguntas dos deputado, que acusou de perseguição.
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O antigo presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos, disse esta quinta-feira que o "BCP é um banco mentiroso", durante uma audição na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
Questionado pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, que disse que o BCP o acusava de "insolvência culposa", o empresário começou por dizer que "quem tem dívidas é a Ongoing".
"Os bancos pediam garantias e nós demos, acedemos a todas as solicitações a todos os credores", salientou.
"Se o BCP me acusa então o BCP é um banco mentiroso", referiu, garantindo ainda que a história está "mal contada".
"Eu tenho emails para o presidente [do BCP]", realçou, assegurando depois que deu "uma garantia pessoal, um aval pessoal de 10 milhões de euros para cobrir juros".
"Muito mais tarde fui com o presidente do Banco Pactual, a pedido do presidente do BCP, para ir lá comprar a dívida" disse Nuno Vasconcellos, garantindo ter feito "uma oferta de 140 milhões de euros para compra de crédito que o Banco Pactual queria comprar" e que terá sido "recusada" pelo BCP.
"Depois da falência da Ongoing chegamos a acordo e os créditos foram comprados por 80 milhões de euros, foram dois ativos que foram dados, que estão no balanço do BCP que aceitou", salientou.
Nuno Vasconcellos foi ouvido na qualidade de grande devedor ao Novo Banco, numa audição de cerca de uma hora, que foi encerrada pelo presidente da Comissão, Fernando Negrão, que considerou que o ex-presidente da Ongoing se "recusa sistematicamente a admitir" que tem dívidas e responder a perguntas.
Depois de pouco mais de uma hora de audição, em que o ex-presidente da Ongoing respondeu apenas à deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, Fernando Negrão resolveu encerrar os trabalhos, depois de a bloquista ter dito que não iria colocar mais questões, considerando que Nuno Vasconcellos não estava a responder.
"Ficou claro, de uma forma pública e notória, que o senhor se recusa sistematicamente e sem explicações plausíveis, a admitir que seja titular de qualquer dívida. Surge igualmente claro que não responde a nenhuma pergunta de forma construtiva. E resulta ainda clara que a sua única preocupação é construir a sua defesa", disse Negrão, adiantando depois que, em conjunto com os deputados da Comissão entendeu "dar por terminada" a audição.