Inquisição, crimes e "medo social": visitas guiadas de terror exploram o passado de Lisboa
Na noite das bruxas, há quem troque os disfarces e as abóboras pelos arrepios das visitas guiadas de terror. Uma das empresas que as oferece é a Walk and Talk. A TSF falou com a fundadora sobre esta caminhada pelo crime, lendas e episódios negros que se escondem nas ruas da capital
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Cai a noite e Lisboa enche-se de sombra. Na escuridão, há quem se aventure pelas ruas à procura das histórias mais obscuras para saber como o azar esteve à espreita. Inspirada pelas visitas guiadas de terror que já acontecem um pouco por toda a Europa, a fundadora da Walk and Talk, Mariana Vieira, começou a investigar sobre Lisboa "com outros olhos e de outra forma" para encontrar os episódios mais sombrios da capital. Agora, oferece uma visita guiada pela cidade, à noite e a pé.
"Na zona do Rossio falamos muito do auto de fé da Inquisição, do período da perseguição religiosa e do medo social. Depois também há ali na zona da Rua das Flores muitos crimes, os primeiros crimes sensacionalistas que aconteceram em Lisboa. A zona do elevador de Santa Justa tem algumas lendas engraçadas", conta à TSF Mariana Vieira.
Quanto ao público que procura por estes mistérios, a responsável pelas visitas guiadas diz que "é sobretudo gente que lê muita ficção de terror e, às vezes, lê sobre crimes reais e situações reais, que tem algum gosto pelos detalhes da malícia que aconteceu ou do crime que aconteceu".
Entre os turistas estrangeiros e os nacionais, a fundadora acredita que os portugueses são quem mais procuram estas visitas. "São mercados diferentes: enquanto a procura do mercado português é privada, ou seja, eu que durante o fim de semana quero fazer alguma coisa diferente, o mercado estrangeiro procura criar eventos, é uma situação de grupo e mais no mundo corporativo", esclarece.
As visitas acontecem à noite e a procura é maior nos meses mais frios e escuros. "Por exemplo, na época de janeiro, que existe algum turismo logo a seguir ao Natal ou mesmo no fim de ano sai bastante melhor do que, por exemplo, num dia quente de agosto", revela.
Uma opção para quem gosta de histórias - contadas depois do pôr do sol - nesta noite das bruxas. Neste caso, a visita não tem um preço estabelecido: cabe ao participante decidir se quer, ou não, contribuir monetariamente.
