Inquisição foi um "erro histórico" que merece mais atenção "nos manuais escolares"
O historiador Jorge Martins defende que é preciso alterar os manuais escolares para dar mais atenção a este período negro da História.
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O Dia da Memória das Vítimas da Inquisição assinala-se, este domingo, pela primeira vez em Portugal. A iniciativa foi aprovada no ano passado na Assembleia da Republica, por unanimidade, após uma petição pública
O historiador Jorge Martins que esteve à frente do movimento sublinha a importância de o país agora assumir este período negro da história.
"Um crime é um crime, sejam quantos forem os que morram. No caso da Inquisição, de facto, foi um erro histórico. Nós pagámos caro esse erro a vários níveis: a nível económico, financeiro, cultural, científico, mental e religioso. Portanto, a única forma de ultrapassar este erro é assumi-lo sem reticências."
Apesar deste reconhecimento, Jorge Martins sublinha que ainda é preciso alterar os manuais escolares para dar mais atenção a esta matéria.
"Foram 284 anos, dez meses e oito dias de Inquisição. Nos manuais escolares quanto tempo é que se dá ao estudo da Inquisição? A minha filha deu a Inquisição em cinco minutos no oitavo ano. Eu também sou professor de História e a Inquisição nunca mereceu a importância, porque tem uma questão negativa. Como é que se consciencializam as pessoas do nosso passado negativo se não se trata o assunto como deve ser?"
Para lembrar as 45 mil vítimas da Inquisição, há esta manhã uma cerimónia no Teatro Nacional Dona Maria II, local onde funcionou o tribunal da Inquisição.
Vão estar presentes descendentes das vítimas, mas nenhuma das entidades oficiais que foram convidadas, algo que Jorge Martins lamenta: "Todas as entidades com certeza que terão a agenda preenchida, mas há sempre alguém que se pode representar. Interessa, sobretudo, a entidade lá estar a representar, a assumir também isto, a ser solidário com as vítimas da Inquisição."