A REN foi prejudicada pela O2, de Manuel Godinho, num só concurso, em meio milhão de euros, disse o inspector da PJ Afonso Costa, esta quinta-feira no julgamento do processo Face Oculta.
Corpo do artigo
Meio milhão de euros é o valor que o inspector Afonso Costa acusa a empresa O2, de Manuel Godinho, de ter prejudicado a REN no único concurso de desmantelamento da central do Alto Mira, na Amadora.
Segundo o inspector, o concurso previa um levantamento de 200 toneladas de resíduos e a O2 acabou por registar 6800 toneladas.
A REN não aceitou o valor apresentado pela O2, não pagou uma parte do dinheiro exigido e as duas empresas acordaram no pagamento de 4500 toneladas de resíduos. É deste negócio que resulta o prejuízo de meio milhão de euros.
Este testemunho de Afonso Costa foi arrasado por toda a defesa, que criticou o Procurador Carlos Filipe, do Ministério Público.
Rui Patrício, advogado de José Penedos, ex-administrador da REN, afirmou que Afonso Costa não deu nota de qualquer facto e foi além do que é possível deduzir das provas.
«Não tenho receio de qualquer prova», mas «acho que é uma prova proibida», disse, considerando que não faz sentido o Ministério Público «pôr a testemunhar a PJ, que não sabe nada sobre os factos», podendo apenas interpretá-los.
O advogado de Armando Vara, Tiago Rodrigues Bastos, também pediu a nulidade do testemunho.
«Não podemos estar aqui a ouvir supostas testemunhas fazerem considerações, que não sejam um relato de factos a que assistiram», concordou.
A defesa espera agora que o tribunal chame a atenção do inspector da PJ para se referir apenas a factos que presenciou.