O Sindicato dos Inspetores do SEF diz ser inegável o problema que o Algarve constitui como ponto de passagem para fluxos de migrantes e admite que situações como a de terça-feira se voltarão a repetir.
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O presidente do Sindicato dos Inspetores do SEF diz ser impossível negar que o Algarve vive um problema de imigração ilegal, que tem de ser encarado de frente. Acácio Pereira acredita que há evidências substanciais para assumir que a região a Sul do país é uma porta escancarada para a passagem de imigrantes ilegais.
"A porta de entrada está de facto aberta", defende o representante do SEF, em declarações à TSF. "As evidências demonstram-no: estamos a falar de uma porta de entrada, de forma repetida, com um modus operandi conhecido. Negar uma evidência como têm feito até aqui o ministro da Administração Interna e o ministro dos Negócios Estrangeiros não me parece a solução adequada. É necessário olhar o problema de frente."
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Depois da detenção, na terça-feira à noite, de um conjunto de 21 migrantes em Faro, o presidente do sindicato aproveitou para exigir ao Governo que tome providências diferentes das que têm sido adotadas até ao momento. Acácio Pereira assinala que Portugal não se tem mostrado preparado para lidar com os casos de imigração ilegal, pelo que têm sido detetadas diversas falhas nos procedimentos.
"Sistematicamente tem falhado a deteção no mar, e o país não tem capacidade para acolher estes indivíduos em centros de instalação, tal como acontece noutros países. Temos centros de instalação nos aeroportos, que têm estado completamente lotados nestas situações."
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Por isso, Acácio Pereira não hesita em dizer que "o país não está preparado" e que "é necessário agir com rapidez, porque vamos ver a repetição destes episódios". Têm-se registado "motins e tentativas de fuga", apontou.
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Desde dezembro de 2019, chegaram ao Algarve 69 imigrantes ilegais. No último relatório anual de segurança interna, referente ao último ano, o Sistema de Informações e Segurança reforçou a preocupação com o impacto das redes de imigração ilegal a partir de Marrocos. Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, já declarou considerar prematuro falar de Portugal como um novo destino de imigração ilegal.
A TSF já pediu esclarecimentos ao Ministério da Administração Interna, mas ainda não obteve respostas.
* e Catarina Maldonado Vasconcelos