Inspirado nas PPP: Caldas Afonso promete novo modelo de incentivos para fixar médicos no SNS
O líder da comissão que definiu o plano para a reorganização das urgências de ginecologia, obstetrícia e pediatria assume, na TSF, que o "maior desafio" do país é impedir o seu fecho, mas mostra-se confiante em acabar com estas situações
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O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, que definiu o plano para a reorganização das urgências de ginecologia, obstetrícia e pediatria, avançou esta terça-feira, na TSF, que está a trabalhar num novo modelo de incentivos, inspirado nas parcerias público-privadas, para fixar médicos no SNS.
"Alguma vez, alguma PPP [Parceria Público-Privada] fechou o serviço de urgência? Não é por eles terem melhores administradores. É porque eles têm modelos de gestão que permitem fixar e cativar médicos", explica.
Alberto Caldas Afonso, líder da comissão, avança ainda esperar que esta proposta, que procura inspiração no modelo das PPP, seja aplicada e resolva "aquilo que é o maior desafio" do país.
"É que estas situações minimizem e desapareçam. O que nós pretendemos é que uma urgência que abra no dia 1 de janeiro e esteja aberta até 31 de dezembro."
Esta terça-feira foi anunciada a criação de uma linha SOS Criança, cujo objetivo é encaminhar os casos que não são considerados urgentes para os centros de saúde, a fim de aliviar as urgências hospitalares.
Pouco depois da apresentação do plano, com o qual o Governo pretende evitar novos encerramentos de urgências, Caldas Afonso, que defende que esta é uma luta que "deve mobilizar todos", revela que gostaria que este sistema de gestão fosse aplicado a "todos os serviços: pediatria, obstetrícia e ginecologia".
Em relação às pulseiras azuis (não urgentes), serão marcadas consultas nos cuidados de saúde primários em 48 horas. Já no que toca às pulseiras verdes (pouco urgentes) serão logo encaminhados para a chamada "consulta aberta" nos centros de saúde, para que a criança possa ser vista em 24 horas.
Alberto Caldas Afonso rejeita as críticas que apontam para o risco de estes utentes chegarem aos centros de saúde e não terem um médico que possa atendê-los.
"A marcação é feita através de acesso direto à consulta, à agenda da consulta. A senhora vai às 09h00 ao centro de saúde e a consulta está marcada. Não havendo disponibilidade no centro de saúde, porque há alguns sítios em que ela é maior ou menor, vai para a consulta aberta do hospital", assegura, afirmando que toda a gente terá uma consulta, mesmo que não tenha médico de família.
O médico espera igualmente que o projeto-piloto apresentado esta terça-feira de manhã entre em vigor "o mais rápido possível", até para evitar problemas na pediatria por causa do inverno.
"A questão do pico de inverno que vai, a curto prazo, acontecer, que já permite facilitar e impedir aquele acumular de situações que não é esse o local e que estão ali a criar entropia para aquelas que têm de ser rapidamente vistas", esclarece.