"Instituição está em causa." Historiadora admite que casos de abuso sexual podem representar fim da igreja católica
Para Irene Pimentel está nas mãos da igreja católica a própria sobrevivência.
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A historiadora Irene Pimentel admite que os casos de abuso sexual na igreja católica podem representar o fim da instituição. Tudo depende de como é que a igreja se vai comportar a partir de agora.
"A igreja católica, que é uma instituição com muitos anos de vida, fica como alguém que permitiu abusos durante anos e anos. Ao ver isto fiquei completamente nauseada. Sabemos que houve abusos, mas se não for tudo divulgado pela igreja, passam a ser abusos da igreja católica. A instituição está em causa e tudo depende de como é que a instituição se vai comportar. Pode ser o fim desta instituição se houver um continuado branqueamento, esquecimento e falsificação do que aconteceu verdadeiramente. Tudo tem de ser denunciado", explicou à TSF Irene Pimentel.
Para a especialista, está nas mãos da igreja católica a própria sobrevivência e reconhece que a instituição já sobreviveu a outros episódios terríveis.
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"Desde logo posso referir a inquisição, depois o comportamento do papado durante o holocausto e a II Guerra Mundial. Neste momento percebemos que houve, reiteradamente ao longo de muitos anos e parece continuar, o esconder do que aconteceu e todos os abusos de pessoas que abusaram do poder que tinham para abusarem de criancinhas", acrescentou a historiadora.
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Segundo Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, houve até agora "424 testemunhos recolhidos", mas "o número mínimo de vítimas será muitíssimo maior do que as quatro centenas e os abusos compreendem todas as formas descritas na lei portuguesa".