Institutos politécnicos indisponíveis para lecionar cursos superiores profissionais
Os institutos politécnicos assumiram «total indisponibilidade» para lecionar os cursos técnicos superiores profissionais «no modelo proposto», que, advogam, ignora os interesses do mercado de trabalho e a necessidades de qualificação das pessoas.
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O Conselho de Ministros aprovou hoje um diploma que permite a criação de cursos técnicos superiores profissionais nos institutos politécnicos, um novo tipo de formação superior, com a duração de dois anos.
Em comunicado, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) «manifesta a sua total indisponibilidade para lecionar os cursos técnicos superiores profissionais no modelo proposto, o qual revela desconhecimento da realidade do ensino superior politécnico, dos reais interesses do mercado de trabalho e da necessidade de qualificação das pessoas».
Segundo o CCISP, o modelo dos cursos proposto «nada acrescenta aos atuais cursos de especialização tecnológica, antes consistindo numa sobreposição inconsistente e incompreensível, afetando a racionalidade do sistema e debilitando a sua eficácia».
Os politécnicos queixam-se de «ausência de concertação» com a tutela, que, a seu ver, «tem ignorado sistematicamente a posição e as propostas do CCISP», considerando que o modelo apresentando não merece crédito, ao confundir «o que é formação profissional de nível secundário e formação em contexto de empresa ou de nível superior».
Ainda assim, na nota, o CCISP, que hoje esteve reunido, revela «abertura à realização de ciclos curtos de natureza profissionalizante, tal como já o faz na lecionação de cursos de especialização tecnológica», exigindo da parte da tutela «um diálogo sério e contínuo, alicerçado em propostas fundamentadas e que respeitem e valorizem o conhecimento das instituições que diariamente constroem o ensino superior».
Na apresentação do diploma, o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, disse esperar que os cursos «comecem a funcionar em setembro, outubro» deste ano e que «as instituições ficam autorizadas a cobrar propinas», que deverão ter «um valor substancialmente abaixo do valor máximo autorizado para as licenciaturas atualmente».
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, trata-se de um novo tipo de formação «não conferente de grau», que tem como objetivo «alargar e diversificar o espetro da oferta do ensino superior em Portugal e, por essa via, aumentar o número de cidadãos com qualificações superiores necessárias ao país».
De acordo com José Ferreira Gomes, os cursos serão compostos por «um ano com componente geral muito forte» e por «um segundo ano com uma componente de formação profissional em sala de aula, juntamente com um estágio numa empresa».