"Insustentável e desumano." Associação garante que cadeia do Linhó continua sem água, serviços prisionais assumem dificuldades
O dirigente Vítor Ilharco diz à TSF que "os reclusos não têm água para tomar banho, para beber, estão a fazer necessidades fisiológicas em sacos de plástico para não entupir as sanitas". Por sua vez, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais informa que já há abastecimento, mas não para todos ao mesmo tempo
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A Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso garante que a cadeia do Linhó, em Cascais, continua sem água.
Na quarta-feira à tarde, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) adiantou que o problema da falta de água estava resolvido. Contudo, o dirigente da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR), Vítor Ilharco, sublinha que desde domingo "não há gota de água nas torneiras", uma situação "insustentável, incompreensível e desumana".
"Ontem, pelas 16h00, conseguiram ligar água por dois minutos, que nem não deu para nada. A situação é esta: há quatro dias que os reclusos não têm água para tomar banho, para lavar os dentes, para beber, estão a fazer necessidades fisiológicas em sacos de plástico, mandam[-nas] pela janela para o pátio, para não ficarem com as sanitas entupidas dentro das celas. Não têm água sequer para tomar um comprimido."
Além disto, conta ainda, há uma greve dos guardas prisionais "que impede que a cantina seja aberta, portanto, não conseguem comprar água nos bares".
Vítor Ilharco reforça que alguém tem de resolver este problema na prisão do Linhó. E deixa uma sugestão: "Se a direção-geral não tem capacidade e provavelmente não terá, a Câmara de Cascais que monte camiões cisternas."
Em resposta à TSF, a DGRSP refere que, neste momento, já há abastecimento de água aos reclusos, ainda que nem todos possam ter água ao mesmo tempo e com a pressão adequada. Informa igualmente que estão a decorrer trabalhos, mas é possível que ainda possa existir cortes seletivos e temporários no abastecimento.
A DGRSP espera que estas dificuldades sejam resolvidas em breve e realça que os reclusos serão sempre abastecidos com água para consumo pessoal.
A DGRSP informa que, reparada a rutura na canalização, foi reposto o fornecimento de água ao Estabelecimento Prisional do Linhó cerca das 16.00 horas de ontem. Por volta das 19.00 verificou-se que não se conseguia ter, em simultâneo e em todos os espaços prisionais, o mesmo fluxo de água. Ou seja, para os reclusos de uma Ala tomarem banho e se abastecerem normalmente, os de outra Ala tinham pouca pressão nas torneiras. Constatado este novo, e distinto, problema iniciaram-se de imediato trabalhos para procurar a sua causa e se proceder à respetiva reparação. Diligencias que estão a ter lugar, sendo certo que, ao presente momento, há abastecimento de água aos reclusos, ainda que sem possibilidade de que todos o façam em simultâneo e com a pressão adequada. Mais se informa que, por motivo dos trabalhos que estão em curso, poderá ter que haver lugar a cortes seletivos e temporários do abastecimento. Esperando-se que este novo problema seja resolvido a qualquer momento, esclarece-se que os reclusos serão sempre abastecidos com água para consumo pessoal.
