Interior reclama melhores vias de comunicação e condições para fixar mão de obra
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As vias de comunicação ainda são um problema no interior do país, sejam rodoviárias, ferroviárias, aéreas e mesmo digitais. Os autarcas querem melhores acessos para ajudar a desenvolver os concelhos e, através deles, torná-los mais atrativos para a fixação de pessoas, para que não haja tanta escassez de mão de obra em diversos setores de atividade.
Apesar de na última década, a área das Terras de Trás-os-Montes ter ficado mais bem servida de rodovias (A4, IP2 e IC5), o presidente da Comunidade Intermunicipal, Pedro Lima, diz que ainda não são suficientes.
“A Europa acha que temos alcatrão a mais, mas aqui não temos. Temos poucos quilómetros de autoestrada, só agora é que vamos ter restabelecida a ligação aérea e não temos um metro de ferrovia. Precisamos realmente de ficar ligados”, realça o também presidente da Câmara Municipal de Vila Flor.
A reivindicação estende-se ao universo digital, já que a região “não tem rede móvel eficaz e já está prometida há muito tempo”. Lembra que “as zonas brancas ainda não foram apagadas do mapa” da região transmontana.
Pedro Lima entende que a tão falada via ferroviária de alta velocidade entre o Porto e Madrid, em Espanha, passando por Trás-os-Montes, poderia ser uma pedrada no charco. Ao cruzar “o Norte imenso” iria dar uma “solução para desbloquear o território e potenciar o trabalho que meritoriamente ainda é feito nestas terras”.
Todavia, nem só pela falta vias de comunicação se medem as carências do Interior. Também faltam pessoas para trabalhar.
O Centro Social, Recreativo e Cultural de Vilar de Maçada, em Alijó, tem já uma série de modernas estruturas residenciais para idosos, com várias tipologias, e até tem mais projetos, mas a diretora de serviços, Alexandra Magalhães, diz que é preciso ter calma. E “não pela falta de financiamento ou por medo de investir”. É, essencialmente, pela “falta de recursos humanos”.
Alexandra Magalhães reconhece que estar no interior do interior também não ajuda a fixar pessoas. “Chega às cinco da tarde e não se passa nada, nem um café aberto”, lamenta, sublinhando que “os novos jovens não estão formatados para isso”.
Quem já lá está ainda consegue “reprogramar-se”, apesar de, atualmente, não ser fácil viver em sítios com as tais zonas sombra de que fala Pedro Lima e com difíceis acessos digitais. Como se não bastasse, “já nem toda a gente gosta de trabalhar neste setor” social.
Por conseguinte, a crescente falta de pessoas para trabalhar também afeta o desenvolvimento do interior do país.
